quinta-feira, outubro 29, 2009

A NOSSA FALADURA - CXLIV - DESANDADOR

Quando ouvi pela primeira vez A CARTA, com letra do João Monge, cantada pelos Resistência, lembrei-me de quantas vezes, também eu, ao fundo das escadas, sob as quais meu pai fizera uma tarimba para eu dormir, escrevi, aos Domingos, depois de missa e almoço, cartas muito semelhantes àquela.
O analfabetismo era um facto indesmentível, em elevada percentagem, o telefone era caro e lento e a carta era mais barata e os correios nem por isso eram muito demorados.
Poucos mais, na aldeia, cumpriam graciosamente com este mister de mandar e pedir novas dos entes queridos. Mais ainda dos famosos aerogramas que a guerra do ex ultramar também levou muitos xendros; até para Índia com o brigadeiro Leitão e Timor.
Um desses era o ti Emídio, cuja caligrafia , quando não estava borrachinho de todo, era um regalo; a outra era a ti Ermelinda, ali em frente da Lameira, mulher seca e espevitada, mexida que nem bicho da madeira, rija até mais não e de um asseio mais que sacro. O seu tinteiro de tinta, de cerâmica, branquinho, completo como só em museu voltei a ver, brilhava quase às escuras, tal a alvura com que sempre o mantinha. O aparo da caneta era lavadinho ao fim de cada desempenho e o pau que o sustinha era envolto num paninho, também ele branco de neve e repousavam todos, até próxima chamada, numa mesinha rectangular pintada de castanho e com uma toalha bordada, onde também, quando lhe calhava a vez, ficava o tríptico da Sagrada Família com a impecável lamparina de azeite sobre água, em gamela de vidro trabalhado, e sobre o qual flutuavam uma latinha triangular com as pontas espetadas em bóias de cortiça e a flor geminada, sempre acesa.
A casinha onde morava tinha uma loja que durante o Verão era bastante usada, primeiro porque vinham os cunhados de Lisboa e depois porque era muito mais fresca. Durante todo o ano, pelo menos uma vez por semana, lhe fazia uma barrela geral. Não raro, quando lhe ia a levar gás cheirava a lixívia purificante.
Foi numa dessas vezes em que lhe levei gás que ouvi pela primeira vez dois termos : estampilha (referindo-se a um selo de carta e não a uma bofetada que era o significado que eu lhe atribuía) e DESANDADOR.
Depois de ter retirado a bilha vazia e de ter submetido ao famoso click das garrafas Mobil, notei que cheirava a gás. Perguntei-lhe se não tinha já cheirado a gás, respondeu que sim, tirei o redutor e percorri o tubo: estava gretado e havia uma fuga. Comecei a tentar desenroscar a abraçadeira com uma faca, ela viu:"ESPERA AÍ QUE JÁ VOU POR UM DESANDADOR QUE É MELHOR DO QUE A FACA, NÃO TE CORTES!" E foi e veio com o desandador: uma chave de fendas. Ora aí está. A palavra não é onomatopaica, a função é: aquilo serve mesmo para fazer desandar. Registei e aqui vos fica.
Por esta altura do ano, sozinha ia colher a azeitona para a talha e, quando a colheita era muita vendia alguma. Ainda lhe comprei. Foi numa dessas vezes que eu, a brincar apostei com ela como num cesto eu era capaz de identificar dez azeitonas da mesma oliveira. Ela olhou para mim, e riu: és mai engraçado có teu pai". E eu:´« é verdade, pode acreditar» "pesa lá mas é a azeitona que eu não tenho vida para ouvir tontarias".
Acontece que eu, ao mudar a azeitona do cesto onde as tinha para uma caixa de plástico, vi um ramo de azeitonas para aí com umas dez...
«O Ti Ermelinda, vomecê não acredita que eu sou capaz de saber que dez azeitonas desta caixa são de certezinha da mesma oliveira, mas eu provo-lhe que é verdade» . Aí ela especou: "atão mostra lá" . Meti a mão agarrei o raminho e mostrei: «são ou não são da mesma oliveira?» " um raio ta palira, cachopo!" Meteu a mão ao bolso e: "Toma lá pela lição" Vinte e cinco tostões: uma fortuna. Fui direitinho ao Cavalheiro e papei um chocolate da Regina com uma Laranjina C.
Outros tempos, outras vivências, outros termos, outras marcas, outras histórias.
E a vós sempre vos digo que aquelas azeitonas só estavam seguras de um lado....
XXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIII GGGGGGGGGGGGGGRRRRRAAANNNNNDDDDDDDDDEE

quinta-feira, outubro 15, 2009

A NOSSA FALADURA - CXLIII - CARRI(T)CHO

Como diria o meu amigo Zé Lameiras - que descanse - " A língua tem lá porras". E digo eu à maneira dos parodiantes: lá isso tem".
Isto não dá emprego a ninguém como no reclame invocado, mas dá gozo, e isso ninguém nos tira.
Para quem não está habituado a este linguajar, estranhará a quase impossibilidade fonética aqui ocorrida. Para quem convive com a xendrada e outros que tais, a explicação é facílima.
Linearmente, é assim: carricho vem de pequerrucho. Nem mais. É por demais vulgar que as sílabas tónicas, acentuadas graficamente ou não, sejam elementos absorventes e, a bem dizer, as sílabas circunvizinhas acabem por ficar mudas. Não falam e, como não falam, não se ouvem.
O grande linguista português, Professor Doutor Luís Filipe Lindley Cintra experimentou, com um conjunto largo de alunos seus, na Faculdade de Letras de Lisboa, gravar entrevistas a pessoas de diferente nível cultural e de diferentes regiões do país. As gravações recolhidas eram depois tratadas em laboratório e uma máquina, altamente sensível às variações sonoras, construída para o efeito, passava a escrito a faladura dos entrevistados. O resultado foi de tal modo inconclusivo que Lindley Cintra desistiu da sua pretensão e dizia que a língua portuguesa, ao contrário da italiana, por exemplo, é muito fechada e os sons não são audíveis.
Como tal a máquina, ao transpor para escrito o falado, deixava um texto de tal modo ininteligível que nem o próprio entrevistador era capaz de aí ler o original.
É mesmo. Nós falamos em nevoeiro, os italianos, esse falam ao sol. Por isso, é mesmo a língua do belo canto...
Quem alguma vez passou, ainda que ligeiramente por alguns pormenores fonéticos entende perfeitamente esta lei do menor esforço, tão frequente ela é em português.
As influências do grego são mais fortes do que se pensa e o famoso Y (que muitos aprenderam, e bem, a chamar de i grego), embora só há poucos anos tenha tido entrada oficial no alfabeto português, na verdade, há já muito que a sua influência e até utilização, eram frequentes e sentidas. Mais ainda como resultado da emigração já que a França, pode dizer-se, é uma espécie de segundo portugal na Europa e os franceses ao traduzirem-no por u, condicionam o som de pronunciação e obrigam a que se pronuncie, como se quase se assobiasse, para o distinguirem do som u, que resulta da ditongação (portuguesa, é claro) de ou. Exemplifiquemos: o som do u no fonema tu é diferente do som em ouvres.
Em português, e para abreviarmos, dizemos que o U e o I são vogais médias e que é frequente a alternância entre uma e outra.
Vamos agora ao nosso carri(t)cho: é fácil de ver que a primeira sílaba foi absorvida : o PE desapareceu porque o E é mudo e foi progressivamente absorvido pelo som forte da tónica RU. Está bem de ver que QUERRUCHO é mais difícil de dizer do que carrucho e, como o U alterna com o I, aí temos como, de repente, em vez de pequerrucho, acabamos em CARRICHO.
Tinha razão o amigo Lameiras de boa memória:"o português tem lá porras". Aí está a lei do menor esforço.
Talvez os mais famosos carrichos da xendrice, tivessem sido O Zé pequeno e o João planeta. Já nenhum deles está entre nós.
Qualquer deles era verguio e eram o exemplo vivo de que os homens não se medem aos palmos...
Vão já longe os tempos do escutismo entre os xendros. ~~
Tonho Brigadeiro conseguiu uma dinâmica muito interessante com este saudável movimento mobilizador da juventude para actividade de respeito pelo ambiente e valores sãos que nunca morrem. Zé pequeno era vizinho de brigadeiro quase ao alto da lagariça e, embora não pudesse participar nas actividades por requisições familiares, sempre que podia assistia às sessões de preparação.
Brigadeiro era um chefe exemplar e queria a rapaziada afinada:« Um escoteiro, dizia, nunca recua.» Zé pequeno tem das maiores saídas que eu algum dia ouvi: " Pois não, dá meia volta e continua sempre em frente!"
Eu tive que vir para a rua a rir e Brigadeiro, sempre sério, quis manter a malta "firme e hirta", mas a saída de Zé pequeno ecoava nos ouvidos de todos e foi obrigado a dar por concluída a sessão até ao dia seguinte, Domingo, antes de missa.

XI Grande.

sexta-feira, outubro 09, 2009

A NOSSA FALADURA - CXLII - FOGUEIRO

São muitas as teses acerca da linguagem e da linguística, bem como das funções da linguagem e mais ainda da sua utilização e finalidade. Não cabe, obviamente, no contexto deste encantador passatempo, o exercício de deambulações retóricas comparando, ou mesmo contrapondo teses a propósito desta variedade de leituras das funções da linguagem.
A verdade é que nem sempre aquilo que dizemos é entendido como gostaríamos que tivesse sido e não podemos levar a mal que o OUTRO, sempre O GRANDE OUTRO, não nos entenda com a clareza que nós pensamos ter-nos expresso. Esta presunção da clareza quase cartesiana de que partimos ao dizer que "É EVIDENTE" é, de si, uma petição de princípio, já que jamais posso pressupor que algo que eu diga seja, prima facie, evidente. A evidência é algo que o outro decide e não o que eu pressuponho. Defender que há indubitabilidades iniciais é querermos reduzir os outros a nós e impedi-los de pensar. Ora isso é o que aqui não vai acontecer. O que mais se aprecia é quem nos lê, pense por si e , se entender, disso nos dê eco, mesmo que, e ainda bem, não concorde connosco.
Sirva de exemplo a palavra que hoje aqui trazemos. O normal - o evidente - parece ser que tem a ver com fogo e até mais rigorosamente tem a ver com uma profissão - a daquele homem que alimentava a caldeira do comboio a vapor como se vê ainda nalguns filmes ou nos que ainda hoje, já não a carvão, mas, na maioria dos casos a nafta, ou outro combustível mantêm altos fornos sempre na temperatura ideal.
Nada de mais distante: no vocabulário xêndrico o fogueiro é o FUEIRO. Isso mesmo: aquele varapau, em regra de eucalipto, mimosa ou carvalho que ladeava, encalhado em buracos quadrados nas laterais dos carros de bois e que tanto serviam para amparar molho de erva ou palha, como até os taipais provisórios a fim de a mercadoria não ser apanhada pelas rodas e mesmo cair (estrume, por ex.). Quando se tratava de grandes transportes, como com os moios do cereal, aí ,os fogueiros mudavam de nome e chamavam-se estadulhos.
Montar sessenta molhos de semente em cima do estrado dum carro de vacas, era tarefa que nem todos eram capazes de levar a cabo. Se a carga caísse naqueles córregos dos caminhos velhos era certo e sabido que dava direito a choradela de entrudo e a vergonhas contínuas nas tardes maledicentes dos domingos, depois de missa enquanto se jogava o fito. Isso era limpinho.
Os Tiagos moravam num arrendamento ali para os lados do Frade a dar cômoro com as taliscas. Trabalhavam como moiros e as terras andavam sempre rodadas, semeando e alternando as colheitas para a terra não se cansar. A fona era de sol a sol e desde cedo, como aliás era costume,os garotos começavam a aprender, a bem ou a mal, o que custava a vida... O mais velho dos Tiagos estava a dar os molhos do pão ao pai com uma forca, quando, de repente, sente umas dores agudas, começa a vomitar e aos berros: " Ca raio tens, que bicho te mordeu, rais ta parta, olha agora". O velho Tiago desce do cimo do carro ainda a praguejar, mas quando viu o filho naquele estertor viu que o caso não era mangação e arrancou à pressa na burrica para a vila a ver do dr. Landeiro. O cachopo berrava que nem um capado mas lá chegou, o dr. landeiro viu logo o que passava e ala : internado imediatamente para ser operado à apêndice... Bons tempos aqueles em que se operava em Penamacor no velho hospital de st António...
Já se sabe que o asseio do homem campesino não era famoso e o tarro de suor e até de fezes agarrava-se tanto ao corpo como às ceroulas... Como a operação era mesmo premente lá foi o Tiago para a barrela. Vestem-lhe uma espécie de bata e vai para a sala a arrastar-se. Está bem de ver que a operação é inimiga de pêlos púbicos e que a enfermeira de serviço tinha que proceder à raspagem dos ditos. Ora para evitar cortes desnecessários e escusados era preciso arredar o pistolo como lhe chamava o Tiago. Diligente, a enfermeira agarrou no falo do tiago para o manter em posição que permitisse o barbeamento. Só que o tiago nunca tinha tido uma mulher que lhe tivesse mexido no ponteiro e sai-se como esta:" Já o pode deixar que ele não cai". A enfermeira riu-se e o Tiago gabava-se do tamanho que o fogueiro tinha atingido.
Xi Grande

quinta-feira, outubro 01, 2009

A NOSSA FALADURA - CXLI - BO(U)RNAL

A sinonímia sempre acarretou problemas à comunicação. Na verdade, as palavras são como as pessoas: todas têm uma história. Não é por acaso que cada uma delas existe. Mesmo entre os grandes teóricos da linguagem e da comunicação não há unanimidade interpretativa. Desde logo porque a disciplina que faz a crítica da linguagem, podemos dizer que uma espécie de epistemologia da linguagem, tal como há uma epsitemologia científica, refiro-me, está bem de ver, à HERMENÊUTICA, traz consigo o deus dos ladrões e dos comerciantes. Hermes, esse veloz deus helénico, de asas nos pés, mensageiro dos mais hierárquicos, e que os romanos traduziram por Mercúrio, acumulava esta dupla protecção: ladrões e comerciantes... Sem nos determos muito neste acopulamento (comerciantes e ladrões), que, seja como seja, não deixa de ser interessante, avancemos para outro pormenor da linguagem/fala/comunicação.
É claro que não se pode meter tudo no mesmo saco e não é aqui que isso vai acontecer. O Baságueda pode brincar mas não ofende: tem humor mas não ironiza, brinca mas não faz mangação, ousa mas não violenta, serve mas não se escraviza, MAINADA!
Interseccionemos esta cangalhada toda a ver se chegamos ao bornal:
Sirva de exemplo o histórico facto de a língua latina ser o meio de difusão privilegiado inter centífico no mundo ocidental. Foi já tardio o aparecimento das primeiras universidades laicas, que a maioria dos locais de ensinança eram os mosteiros e as suas escolas monacais. Os burgueses aos poucos foram-se intrometendo entre os nobres e o clero, que o povo, esse, limitava-se a ser servo de gleba e, vá lá, às vezes, vilão franco, o povo, quanto menos soubesse, melhor - assim não recalcitrava... -. Dizia eu que os burgueses lá se foram, aos poucos, libertando das peias eclesiais e, ao mesmo tempo que fundavam cidades nas encruzilhadas das grandes vias, também construiram escolas para os seus filhos. Com a colaboração dos goliardos, cárpatos e outros proscritos pela santa madre igreja católica apostólica romana, conseguiram escolas de tão grande renome quanto as herméticas oficinas do saber bibliotecárias, manuscritas e dogmáticas escolas monacais. A abertura a novas formas de pensar incipientes e a natural rebeldia de quem, com o sangue na guelra, eivado da novidade e garantido e avalizado por um novo riquismo que competia com o clero e os nobres suseranos latifundiários, ousava PROVOCAR o stablishment, aos poucos, foi conseguindo romper com a afogo e o sufoco que o severo dogmatismo impunha. O latim deixou de ser a exclusiva língua e algum do saber já se difundia na língua original, tanto mais que, após Guttenberg, nada ficou como era: a bíblia, claro, sempre como ex libris, mas também romances e novelas de cavalaria que deram azo a demandas do graal e a códigos da vinci e por aí fora. O latim, inacessível como era e ainda é, agora mais ainda que já há muito pouca gente que o domine, o latim era um obstáculo comunicacional... Não admira que os detentores do saber, conhecedores como eram desse fenómeno, comunicassem com a populaça, através de símbolos: lá vem a cruz, a bandeira, a sigla, a marca, o distintivo, a patente, tudo o que servisse para indicar ao maior universo possível, a mensagem que se pretendia transmitir, o jargão, a oração comunitária, as rezas,... Ainda havia aquilo a que nós chamamos slogan e o famoso AMÈN que indicava um ASSIM SEJA subserviente.
O bornal do povo era repleto com dogmas, mandamentos, imperativos negativos, virtudes, obras de misericórdia, normas de conduta, que sei eu,...
As festas populares tinham os seus tempos: o povo não podia fazer festas a seu bel-prazer: tinha que festejar quando as autoridades eclesiásticas o autorizassem - nem sequer era senhor de gerir a sua, já de si, parca ementa: os ricos que tinham dinheiro para bulas papais enchiam o fato a bel-prazer, o galego, sem dinheiro sequer para uns tamancos, esse, tinha que roer botelha a ver se se sustentava: isto sim foi o que o Cristo pregou... Adiante...
O bornal propriamente dito não era aquele alforge de Júpiter que nos pôs às costas uma bolsinha com os nossos defeitos e à frente uma enorme com os defeitos dos outros... O próprio Cristo se fez eco desta fábula de Esopo, depois transcrita por Fedro e mais tarde actualizada por La Fontaine: vês o algueiro no olho do outro e não tropeças na tranca que tens nos teus olhos.
Antes, era uma espécie de saca , regra geral em pele macia, tipo odre, mas com boca de ajuste com ataca do mesmo material e uma tomba para fecho definitivo e servia para levar merenda para festa, ou para monda, vindima, sacha de milho, quintos na ceifa, enfim, alturas em que se juntava a família e era preciso muito entulho ou se ficavam dias sem reabastecimento. Não raro ia nas angarelas, bem acomodado, que as iguarias não se podiam estragar nem sequer amelancar: bacalhau de horta e pataniscas do mesmo, algum coelho macho já substituído, um galo assim comédado, ovos verdes, chouriço de azeite, orelha de porco e tromba do mesmo animal de salgadeira, algum naco de de presunto, tora de toucinho, cunca de queijo, corno de azeitonas, casqueiro roda de moinho, grande quanto bastasse, e o mais que houvesse e desse jeito para botar na manta estendida:o bornal levava todo o farnel.
Bornal era ainda aquela pessoa que tudo atamancava e misturava os pés pelas mão: "és mesmo um bornal" ou aquele outro que arcava com tudo e de tanta serventia aos outros era chamado de bornal.
As casas meãs não tinham terrenos nem gado para feitor ou maioral, mas, em regra, sustentavam uma espécie de criado que tirava esterco a porco, guardava e ordenhava cabras e/ou ovelhas, fazia a horta, recolhia o feno, tomava conta da alguitarra no tempo da aguardente, ia à agua para as necessidade domésticas, apanhava vides, queimava lenha de limpeza de árvores, e o mais que aparecesse. Era um bornal: no outro cabia tudo a este cabia-lhe tudo. Dois Bo(u)rnais.
Era assim a vida...
XXXXXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIIIIIII GGGGRRRRAAANNNNNDDDDDEEEEEE!