sábado, junho 24, 2006

A NOSSA FALA - LX - ESTRELIDO(A) / ESTRALIBETA

Qualquer destes termos se usam de forma indiferenciada, apenas tendo como referente canalha ou pré-púberes. Nunca para adultos.
Isto dos referentes "tem lá porras", como dizia o velho comandante - há quanto tempo não aparecia - , quando se referia ao trabalho que era preciso para preparar uma pipa de madeira para poder,em condições, levar vinho novo.
As palavras são sempre inocentes, qualquer maldade que lhes seja atribuída resulta sempre de intenções malévolas de quem as emite, ou, o que é ainda pior, de quem as ouve. Jacques Lacan, neo - freudiano francês, dizia :" tu não me podes falar do sítio donde eu te escuto", o que, bref, quer dizer que eu não posso ter certeza de que o outro, que me escuta, entendeu o que eu quis dizer da forma como eu queria que ele o tivesse entendido.
Voltemos ao referente: há palavras que eu quase tenho a certeza de que todos entendem da mesma maneira. Por exemplo: se eu disser gato, a imagem mental construída refere-se a um animal, quadrúpede, mamífero,..., mas se eu disser carteira a coisa complica-se porque, só no contexto eu sei a que se refere, pois pode ser um médico ou um operador de seguros e referirem-se à sua carteira profissional, pode ser um aluno e temos a mesa da escola, um negociante e temos a carteira das notas,...,; mais complicado ainda se eu disser FELICIDADE onde já não há representamen universal. Pior ainda se me refiro a Deus...
Mas que tem isto a ver com o nosso estralibeta ou estrelida?
O velho Kant - esse chinês de Konigsberg - colocava na intenção moral o valor da acção que havia de valer por si mesma sem poder ser utilizada como meio para um fim. Aqui se passa similarmente.
Garotos estralibetas eram os meus velhos companheiros de escola que já uma vez vos trouxe aqui sob a forma de apelidos. Uns mais que outros, é claro. Eu estava no grupo dos mais.
Eu pertenço ao grupo dos que estrearam as então chamadas escolas novas. Dois edifícios geminados em que apenas o pátio coberto, que dava acesso à entrada, era comum a rapazes e a raparigas. Tudo o mais era separado. Por detrás das ditas escolas havia dois pátios separados por um muro em granito com cerca de 80cm de altura. A meio, dum lado e do outro do muro estavam duas tomadas de água e um bebedoiro onde a malta se dessedentava: rapazes e raparigas, obviamente, cada um de seu lado da tal parede.O Sapo tinha um ferro espeta com uma argola que encaixava perfeitamente na rosca da válvula que regulava o jacto de água de forma correcta, para não respingar, ou colar ao bico. De vez em quando, as coisas bem combinadas, um de nós vinha à casa de banho antes do intervalo, sabíamos onde estava escondido o ferro do Sapo, abríamos o jacto ao máximo e, claro, quando as garotas estavam do outro lado a beber, a jogar ao descanso, ao lenço, à corda, ou o que quer que fosse, eu e Coiote Pete íamos agachados junto ao muro, Coiote punha um pau aguçado já à medida na saída da água e eu fazia pressão : as garotas ficavam todas regadas. Os cachopos, esses riam a bom rir.
Um dia a mãe da Zabel Rela, a ti Conceição, que tinha um nariz mais do que grande, que era minha vizinha, quando não estava no campo, :" tens a mania que és estralibeta mas se me tornas a molhar a cachopa vais ver como te mordem... ."
Mas eu fingi que não ouvi. A Zabel foi meter nas orelhas do professor e lá alinhei com o Coiote para o pé do estrado. Tivemos que contar a história a todos, papamos dez reguadas bem puxadas cada um e tivemos que escrever na página central do caderno:" nunca mais molho as raparigas" 100 vezes. "E isto é para não serdes estrelidos", disse o professor Zé Candeias. A Zabel quando soube: "Bem feito!"
Ora nós não tinhamos intenção nenhuma de ofender quem quer que fosse. É esta a falência da moral kantiana. Quando praticamos a acção, partimos da representação de uma máxima transformada em lei, qual seja, a de que qualquer garoto que tivesse as condições e os apetrechos que nós tinhamos, jamais perderia a oportunidade de xeringar as cachopas. É ou não é? Só se é garoto uma vez. Depois... ardeu a tenda!
Mas eu era estralibeta por outros motivos: o Zé Guerrilhas, um dia, apanhou-me naquilo da Troa e arranca:« Quem de vinte cinco tira quantos ficam»; a princípio fiquei atordoado, mas logo após saio-me: ficam 15.« É estralibeta o raio do garoto! »
O Trem vem então com esta: «um velho faz um cigarro com 5 beonas, quantos cigarros consegue fazer com vinte cinco beonas?» E eu, rápido: «ora, faz 5;» e o Trem:« se isto fosse assim tão fácil, não valia a pena fazer-te a pergunta» e acrescenta: «Levas os miolos todos daquela lata de bolachas se amanhã souberes a resposta...»
Se havia coisa de que eu gostava, era de encher os bolsos com nacos de bolacha Maria partidos irregularmente e que resultavam do facto de antigamente, os merceeiros , meterem tudo em cartuchos de papel cinzento: o arroz, o acúcar, a massa, o colorau,... as bolachas Maria. Havia umas, torradas, que eram o supra-sumo. Era para mim um consolo ir de Aldeia até à sorte da Ribeira todo o caminho a deliciar-me com os restos das latas. Tempos...
Fui para casa a matutar no problema, juntei-me com o Coiote Pete e mais uns quantos, prometi dividir os restos das bolachas, às escondidas, andamos todos a guardar os velhos que fumavam Onça e MataRatos e outros cigarros sem filtro como o Paris, o Sporting, o Português Suave, o Definitos, o Provisórios, onça Holandesa em mortalha de 'papel Cegonha não há outro que se lhe oponha', juntámos 25 beatas, experimentamos em folha de caderno da escola, já escrita, como quando fazíamos os cigarritos de barbas de milho ou folha de videira seca e, de repente, Varinha de aradoÓ cabrões, então de cada cigarro que o velho faz sobra uma beona.» E eu» pois é, o velho faz seis cigarros e ainda sobra uma beona» .
Nem sei quantas vezes acordei de noite: às vezes a rir-me da descoberta, outras a antecipar o prazer de saborear as bolachas.
Às nove - isto era tempo de férias - lá fui eu à casa do Trem: «não me digas que já deste nela?!»
"Poi já! ,digo, faz seis cigarros e ainda sobra uma beona". «És ESTRALIBETA, não há dúvida."
Lá me vieram a parar os bocadinhos de bolacha à mão, pedi um cartucho e fizemos uma farra com bolachas e um refresco de vinagre com água do cântaro e acúcar. Um veneno, mas uma delícia.
Isto a modos que é assim como aquels velhotes que quando vêem uma febra das novas: «Ah! tempo! Já não fazia nada, mas a ideia, essa é que não pode morrer, a ideia tem que estar sempre cá. Se abala a ideia o melhor é a gente apagar-se...
Aqui fica a solução: NUNCA SE PODE PERDER A IDEIA, MESMO QUE JÁ NÃO SE CONSIGA FAZER NADA. Essa é que é essa. Os velhos afinal também podem ser estrelidos ou estralibetas.
Um XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIIII ...E N O R M E.

segunda-feira, junho 19, 2006

A NOSSA FALA - LIX - AZADO OU AZADINHO

Comecemos pela fonética e pela grafia: leia-se ÁZÁDO ( os A abertos) e não confundir com asado. Este é um cântaro de barro onde as famílias refrigeravam a água que as mães iam buscar à fonte : (quem não se lembra:«que é que é que vai deitado e vem em pé»? ou « o que é que tanta vez vai à fonte até que lá deixa a asa?). Nada disso com o nosso ázádo.
Trago-vos hoje aqui duas figuras, entretanto desaparecidas do mundo dos vivos, que, por certo, alguns ainda lembrarão e outros, eventualmente a maioria, nunca sequer ouviu falar.
Em tempos, numa conferência memorável, ouvi que "é preciso desarmar a história". De facto, o estudo da história quase se limita a reis e heróis em guerras e batalhas. Por mero acaso lá se referem poetas e outros escritores, alguns engenheiros, arquitectos ou doutores, raramente professores, poucos padres e doutras profissões contam-se pelos dedos de uma só mão: por exemplo o Bandarra, ou o zé do telhado. O povo, esse só aparece como patuléia = pata ao léu = pé descalço nas guerras constitucionais. Vamos desarmar, pois a história. Honra aos ignotos deste país e mais ainda aos xendros que se vão na ' bruma da memória ' .
Vou trazer-vos dois AZADOS, dois Mnés Chquins: o Carreiras e o Chéte.
O Mné Chquim Carreiras era muito azado: dava explicações privadas numa casa com primeiro andar na esquina do início da rua do cavacal a fazer esquina com o beco do Bento, do Furdas e da Libra, pegada em tempos com a casa da minha bisavó Rosa que morreu no mesmo dia em que lhe nascia a terceira bisneta. Ainda por cima a 29 de Fevereiro. Coisas do dianho!
Foi o Mné Chquim Carreiras professor privado de muito boa gente que ali se começou a tornar pessoa: bancário, professor, solicitador, até juíz e muitas outras profissões. Quem não tivesse dinheiro para pagar o pouco que cobrava, bastava que permanecesse nas redondezas com pedra e ponteiro e registasse o que ele pregava. Assim mesmo: a sua voz tonitroante ouvia-se bem aí a uns bons 50 metros da casa. Os que erravam algum exercício eram tratados acima de BESTA, BURRO AO QUADRADO, CAVALGADURA, ALIMÁRIA, CAMELO e outros epítetos que por não poderem ser ditos se devem calar como queria L. Wittgenstein: «o que não pode ser dito, cale-se.» MAINADA.
Mas o Mné Chquim Carreiras era ainda bem AZADO para outro mister: cantava divinamente. Digo bem:DIVINAMENTE. Fui dos poucos que tive o privilégio de (poucas vezes, porque lá em casa, a hora de levantar era por volta das seis ou antes, sobretudo neste tempo de Verão), tive o privilégio, dizia, de acordar ao som daquela voz de timbre raríssimo, clara, sem artifícios e poderosa como poucas que tenho ouvido. Uma pena que nunca se tenha registado aquele som. Está registado no meu ouvido. Um encanto! Então para o fado de Coimbra, ainda está para nascer quem eu conheça ao vivo quem o cantasse melhor...E sem acompanhamento! Não desafinava e a temporização era a adequada. Encantador, só vos digo.
Não era muito bem visto porque era um tanto anticlerical (ao fim tornou-se devoto confesso e praticante) e dizia que não ia ao funeral de ninguém porque o morto não lhe poderia retribuir o gesto quando ele morresse. De facto, foram poucos os que o acompanharam até à "Quinta das Tabuletas".
O outro AZADO é o nosso Né Quim (Chéte) : uma bomba de trabalho e muito azado para arranjar e pôr cabos em podoas, enxadas, ancinhos, foices, martelos, sachos, pás, picaretas, arranjar fueiros para os carros de vacas e carroças, alinhar hortas, demarcar veredas, e também para fazer um petisco com pouca coisa. Sabia fazer render o que tivesse. Sempre na panelinha de ferro. Duma vez o vi eu fazer uma perdiz que tinha agarrado lá para os lados dos pinheiros:
põe um bocado de toucinho do presunto no fundo da panelinha, quando estava a corar tirou-o e meteu a bem dizer uma cabeça de alho com um pouco de azeite e uma cebola mal cortada em quartos sem desunir, deitou as tripas da perdiz dentro duma meia para o molho, ia virando com a colher de pau, retirou a meia com as tripas aí ao fim duns cinco minutos, deitou a perdiz inteira (depenada, é claro) e duas folhas de louro.Tapou. Foi-se à adega, mais propriamente ao pipo que apenas estava separado de nós por um cortinado de chita da tabela pendurado por um baraço corredio, trouxe uma cafeteira cheia de vinho, provamos, voltou a mexer a perdiz, foi-se ao asado e tirou meio copo de alumínio de água que deitou na panelinha para"assustar"-disse- .
Raspa umas batatinhas novas miúdas deita-as para a panelinha com duas malaguetas do vinagre e mexe outra vez, salga, espera um pouco e prova. Verte um bom meio quartilho, talvez passar, de vinho, tira da cantareira um prato grande de "resmalde"=(esmalte).
Com a toalha a servir de pega despeja a panelinha no prato, traz um garfo para cada um e um copo que mais parecia um almude, parte duas fatias de ganhão dum pão enorme que mais parecia uma roda de carro e :"senta-te e come." Que remédio!
Um pitéu. Era assim o Chéte. Trabalhador incansável e amigo do vinho mais que o diabo de almas em pecado. Solteirão...
Só que um dia...
Um dia uma Solipa que enviuvara em França e que, por mor de não perder a pensão de viuvez, não se podia voltar a casar, deu a volta ao Chéte, lavou-lhe a roupinha, mudou-lhe a enxerga com palha centeia nova, comprou duas almofadas e um travesseiro de barbas de milho ao trindade de Caria, mudou os cobertores mais negros que borra de azeite e pôs lençóis de linho na cama de ferro, varreu a lage comédado, substituiu as sertãs enferrujadas por frigideiras asseadas, forrou as cantareiras com plástico verde com motivos amarelos, areou os cacos de barro, avinhou uma panela de ferro nova e...deitou-se com o Chéte.
A Aldeia acorda estupefacta: às seis e meia da manhão nosso Né Quim, tão Azado, ainda meio desasado, da bebedeira da véspera, aparece àquilo da D. Zezinha a gritar: «Ê (=eu) agóa (=agora) tamém já,Oh!Oh!, Ê agóa tamem já,oh!oh!, ê agóa tamém já,oh!oh!
E foi assim a primeira do nosso AZADO Né Quim Chéte.
Fazei-vos AZADOS para o que quer que seja.
Um XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

sábado, junho 17, 2006

NENIKIKAMEN

"(...) na história épica da Batalha da Maratona, no ano 490 a.C., quando, na planície da Maratona, a cerca de 40 Km de Atenas, 7000 guerreiros gregos derrotaram 20 000 invasores persas.

Para os historiadores, esta vitória grega viria a ser considerada como a batalha que salvou a civilização ocidental, tal como hoje a conhecemos. Depois da batalha, um corredor solitário foi enviado desde Maratona até Atenas para contar ao povo o grande triunfo. Quando chegou ao centro de Atenas, completamente exausto, apenas conseguiu gritar NENIKIKAMEN (Ganhámos), para, de seguida, sofrer um colapso e morrer."


(Confesso que não sou adepto do folclore exagerado à volta do mundial; fico-me discretamente por umas minis e amendoins no café. Depois da vitória futebolística sobre a Pérsia, em vez de continuar nas minis e nos amendoins como alguns milhões de portugueses, fui-me à net a saber coisas sobre a Pérsia actual. Eu acho que esta minha atitude deveria ser apresentada como uma referência nacional e inscrita no manual de boas práticas do amante de futebol).

quinta-feira, junho 08, 2006

A NOSSA FALA - LVIII - OH! DIANHO

Quase sem darmos por isso chegámos a dez mil visitas. OH! dianho!
Mais este ano que tem o dia da besta: 06/06/06, o famoso 666, número maldito já que duplica o três, número sagrado por excelência, tal como o sete, resultado da soma do primeiro número perfeito - o três - porque para além de ser o número de pessoas da SS. Trindade, é o primeiro que tem princípio, meio e fim com o primeiro quadrado perfeito, (o quadrado de 2 que, como se sabe, é 4) uma vez que o quadrado de 1, é ele mesmo.
Comecei a escrever esta peça no dia 4, mas depois vi que todo o borra botas falava do que sabia e não sabia a propósito deste tema disse cá para mim: oh! dianho, tens que deixar os números e alinhar por outra vereda. Maináda!
Veio-me à mente um poema do poeta latino Horácio: «Oh! fonte de Bandúsia, mais brilhante que o vidro cintilante,/mais famosa que as Pirâmides do Egipto e mais constante que os números babilónicos!/ Em vão o sangue de um jovem cabrito/com a fronte ainda mal inchada/com os cornos nascentes/que o preparam para as lutas amorosas/em vão, tinge de rubro as tuas águas cristalinas/É a ti que se vem dessedentar o rebanho errante/e o boi cansado de puxar ao arado/.As tuas águas cristalinas correm entre os seixos onde a azinheira /que me dá sombra, entrelaça as suas raízes. "
É ou não é lindo?! (a tradução respeita escrupulosamente a mensagem do poema)
Vamos então por aqui, dianho!
O povo tem também as suas poesias e, sem dúvida, a marca maior desta característica assenta nos provérbios e ditos populares para além das mais que famosas lengas-lengas.
Sirvam de pequeno exemplo: "quem muito dorme! pouco aprende/é como a lenha verde/que mal se acende;» ou estoutro: "Não há pau como o de carvalho/nem lenha como a de azinho/nem filhos como os dos padres/que chamam ao pai, padrinho."
Quando era miúdo, foram bastas as vezes que acordei com o som roufenho do búzio, que soprado com mestria pelo Zé Planeta ou pelo Manta-Rota, homem sempre com a malandrice na ponta da língua, não tivera ele sido aluno de nosso Fernando, Zé Luís, Mnel freitas e outros que tais, que quando uma mulher apanhava azeitona no panal por baixo da sua escada se saía:" anda deixa-te aí ficar, que debaixo de mim é que tu estás bem".
Ouvia-se em quase toda a aldeia aquele som, aí por essas seis e meia da manhã, os ranchos juntavam-se e lá se ia para os olivais e «Vamos ,vamos, que o patrão é pobre e quer ver a azeitona colhida»
Já rapazote, fui também nessa leva a colher azeitona para os lados do forninho. Comigo ia Júlio Casqueiro, Guilherme Chornico, Chquim Camião,Olho de lata, e mais uns quantos que a memória agora não aclara. às tantas, estava eu na muda, do meu lado esquerdo ficou o Guilherme e, à direita, o Casqueiro. Arranca o Guilherme: "Fui à serra à lenha/escorreguei num rosmaninho/Vê se ouves,o Julho/que tens um arame no focinho! » O casqueiro: "Vá la a ver a confiança!" Eu calado, continha o riso! Volta o Guilherme : " Fui à serra à lenha/ escorreguei num sargaço/Ouve-me bem, ó Julho/que só comes bolota e bagaço.» E o Júlio:" OH! DIANHO, vê se tens tento na língua, cassenão inda te cai uma arrochada num corno"... e o Guilherme: "quem é que aqui tem cornos?" Descemos todos à pressa a evitar uma encarniçada luta de galos. A coisa esteve feia mas lá se compôs.
O meio-dia é a hora sagrada de almoço. O ambiente estava tenso e saio-me eu com esta:
Ó ti Guilherme, atão e quando o seu Fernando vai ao quadro e o professor lhe diz:» multiplica aí 4 por 11. » O Fernando vira-se para o professor e solta: "Calha bem! Não há tabuada do Onze"!
Até o Casqueiro se riu e as conversas aos poucos retomaram o curso normal da colheita da azeitona: Mulheres, ó mulheres, olha o fato.- colho pró chão" O rai do home, tanta pressa tem, levanta lá a escada para esticar bem o panal, vá! o dianho do home!» ...
Dei por mim a cantarolar (de Sophia) : olhei o que se faz debaixo do Sol/Tudo é vaidade e tempo perdido/O que falta cantar não se pode/e tu só queres agarrar o vento!(...) A música é do Chico Fanhais. Vale a pena ouvir.