quinta-feira, abril 22, 2010

A NOSSA FALADURA - CLII - CRUITO

Donde a origem deste termo, não sei. Admito, no entanto que tenha a ver com cocuruto, significante por demais complicado para ser adoptado pela lei do menor esforço, tipicamente popular. Assim, deve ter ficado coruto, evitando a haplologia e, logo depois porque o o é abafado por ser ante- tónico, sofre a natural elisão, ficando cruto e daí à simples ditongação é um passo e cá temos o nosso CRUITO. O cruito é a parte mais elevada de qualquer objecto: o cruito do monte, do eucalipto, da cabeça,etc..
A propósito do famoso vulcão da Islândia, cujo nome ninguém se atreve a pronunciar, a não ser é claro, os islandeses, dei comigo a pensar na desmesurada ganância humana e nessa agressividade que tão característica nos é, a ponto de, se necessário, passarmos por cima de toda a folha, só para sermos os primeiros a chegar ao cruito.
Leia-se aqui cruito como o alvo dos nossos desejos ou projectos, aquilo que mais queremos num momento e que, portanto, fica mesmo por cima de tudo o mais, logo, no cruito das nossas preocupações.
Ao longo dos tempos, sempre o homem foi melhorando o seu nível de vida, preocupando-se sempre em criar objectos que lhe permitissem maior independência. O paradoxo, ao fim, é que esses mesmos objectos que o homem cria para ter mais tempo para si, acabam por o dominar e sujeitar.
Expliquemo-nos: a locomoção humana estava a cargo dos pés e pernas, é claro, mas aos poucos , com a domesticação dos animais e a invenção da roda, aliadas à técnica da tracção, o macaco pelado começou, ou a montar ou a servir-se de veículos para se deslocar a si e às bagagens.
Permita-se-me alguma erudição: os romanos chamavam à bagagem IMPEDIMENTA, ou seja aquilo que impedia o pé de andar mais depressa. As bagagens são sempre um empecilho porque impedem ou dificultam o andamento. Naquele tempo, era atraso, principalmente para o exército e era complicado quando não conseguia passar a vau e tinham mesmo de construir pontes, essas grandiosas obras de engenharia romana, ainda hoje visíveis por toda a Europa.
Progressivamente se foi evoluindo até ao automóvel, ao combóio... Isto em terra, porque o homem, desde muito cedo aproveitou o elemento líquido e os grandes rios tornaram-se grandes auto estradas comunicacionais, e o mar, logo depois, em vez de separar, a breve trecho ,começou a unir sem ser necessário construir pontes. Não contente ainda, virou-se para o Ar e, construiu desde a passarola do Padre Gusmão, tão excelentemente evocada por Saramago em O Memorial do Convento, até aos foguetões que já foram à lua e esquadrinham as longínquas parcelas do universo conhecido. Nem mesmo o fundo do mar escapa a este sagaz predador. Tudo perscruta a ver se encontra algo ainda maior para saciar a sua por demais insaciável avidez.
O curioso e paradoxal é que, com tanto domínio e com cada vez mais conhecimentos, basta que a Geia decida mostrar um pouco da sua vitalidade interior para ficar tudo e todos condicionados à mãe Natura.
Todos com tanta pressa e tiveram que arranjar tempo para esperar. Mainada.
O mesmo se passa com qualquer outro instrumento - que mais não é que um prolongamento de nós - decida avariar ou não obedecer de imediato aos nossos comandos: se a máquina de lavar avaria, como havemos de lavar a roupa?, se o frigorífico não cumpre a função, como conservamos em boas condições, os alimentos?
Reparemos que, há um sec. ou pouco mais, nada disto existia e as pessoas viviam. Andavam devagar e tinham tempo para tudo. Agora andamos depressa e não temos tempo para nada.
Mari Varónica conheceu mais homens que a Rosa Maria da cantiga da srª da Saúde e mudava de parceiro, mais que de combinação. Não era preciso ser cão para a farejar.
Aquele que com ela mais tempo coabitou foi o Mnel Césaro, coveiro, grande sofredor de asma e que por estas alturas se via aflito com os olhos sempre vermelhos por causa dos pólens.
Tinham casa na aldeia, ali para os lados da rua das Aranhas, próximo do velho Flor e com eles vivia tmbém o burro, não sendo raro vê-la a carregar as angarelas com o esterco do dito e mais o dela e dele: um primor de asseio e uma convivência que desafiava qualquer biodiversidade. Nenhum morreu por mor disso e consta que a ASAE nunca lá foi a conferir do cumprimento das normas de higiene. Outros tempos.
Tinham também um casebre, lá para os lados dos Pinheiros e quando lhe dava para bradar - o que não era raro - ouvia-se às oliveiras de Melão.
Perto do casebre cresceu um carvalhoto. Diz Varónica para o Césaro: " Oh mnel, sobe ali ao cruito do carvalhoto e ata lá este baraço bem atado". O Mnel era de poucas falas e obedece: ata uma ponta do baraço a uma bota e foi trepando até onde pôde. Atou o baraço e desceu. Varónica: "ata agora a outra ponta ali à parnada grossa daquela oliveira". Lá foi Mnel... «Estica, estica!» bradava Varónica. De tanto puxar o baraço que tinha atado no cruito do carvalhoto desprendeu-se, Mnel, cai num bate-cu doloroso e Varónica:« Num vales um corno e tens dois».
XXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIIIIII GGGGGGGRRRRAAAAAAAADDDDDDDDDDDEEEEEEE

sábado, abril 17, 2010

FALADURA ISLANDESA

Gaia espirrou, levemente, através de um buraquinho na ilha branca do atlântico norte.
Os gafanhotos espalharam-se pela Europa.

Em nenhum dos noticiários (h)orais na tilfonia ou na tilvisão eu ouvi o locutor dizer o nome do vulcão do buraquinho. Ficam-se todos por "vulcão islandês". Estou desconfiado que sei porquê: Eyjafjallajökull. À primeira parece difícil, mas à quarta, a fala dura islandesa já não é tanto.

Além do Eyjafjallajökull, há lá mais glaciares e vulcões a que os islandeses chamam de Vatnajökull, Langjökull, Hoffsjökull, Mýrdalsjökull, Drangajökull, ou Snæfellsjökull,

segunda-feira, abril 05, 2010

5

PENTE QUINQUE FÜNF FIVE CINQ PIAT FEM پنج
CINCI ПЕТ PÄŤ TANO PUMP חמש VYF
خمسة CINC BEŞ ファイブ CINQUE ĦAMES FIMM


Foi cincantontem que o Baságueda começou a discorrer.