sexta-feira, fevereiro 23, 2007
ZECA
Inté cantei...
Se soubesse tocar piano, se tivesse um piano, era bem capaz de lhe dedicar uma das suas baladas. O jovem do carrapito comprido fá-lo por mim. E por vós se quiserdes.
domingo, fevereiro 18, 2007
A NOSSA FALA - LXXVIII - MANDONGO(A);MANDONGUICE
" ensinar a estrelar ovos à tua avó"; esqueceste-te"que o diabo sabe muito, porque é velho"; olha o mandongo! "Vá mas é mamar na quinta pata de um cavalo"
terça-feira, fevereiro 13, 2007
A NOSSA FALA -LXXVII - CASCABULHO
domingo, fevereiro 11, 2007
FALA DO HOMEM NASCIDO
Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar
terça-feira, fevereiro 06, 2007
A NOSSA FALA LXXVI - Mãos ENGADANHADAS
Ainda com as mãos engadanhadas, preparou a vianda dos seus porcos em dois caldeiros que despejou em duas pias de pedra granítica. Já a caminho da casa do compadre reparou melhor na russa reluzente que cobria os campos: "Tá cá um códão!", murmurou, o que o arreganhou ainda mais, aconchegando instintivamente o pescoço no pêlo da sobrepolis.
O compadre esperava-o com um borralho vivo onde já fumegava um caldeiro farrusco engatado nas correntes que desciam da chaminé, e com o púcaro de aguardente quente com açúcar, a fumegar. A salvação foi imediatamente seguida da oferta de uma caneca e do púcaro. Arreganhado como estava, Albertino encheu a pchorra de cogulo que sorveu em pequenos goles, concentrando-se na sensação que o líquido provocava quando passava pela gola. Havia de emborcar mais duas pchorras, em resposta à insistência da comadre e para acompanhar os manos Alma de Sino e o tio João Alma de Sino que entretanto chegaram.
O calor que as 3 canecas de aguardente quente doce lhe emprestavam às tripas contrastava com o barbeiro da rua quando se foram todos ao porco. As mãos rapidamente voltaram a ficar engadanhadas dificultando a destreza e a força que era necessária para tratar da saúde ao reco. A coisa não começou da melhor maneira porque o animal se recusava a permitir que lhe metessem o laço na boca. Albertino bem lhe coçava o coiro com um toro de giesta e lhe chamava carinhosamente "f(e)cá, f(e)cá", mas o bácoro só cedeu quando alguém se lembrou de enrolar uma couve ao cabo de aço e ele a abocanhou. Também não correu muito bem o trabalho de deitar o bicho na banca, porque alguém não fez força bastante e tombou tudo, animal e banca. Quando finalmente o mamífero omnívoro ficou (mais ou menos) imobilizado, Albertino Chinchas pregou uma valente palmada nas nalgas do suíno, como faz sempre a todos os que vai matar e aprontou-se para lhe espetar a sua navalha matadeira de tachas pretas. Aqui, a coisa não correu melhor porque, pela primeira vez na sua longa experiência, o fio da navalha não encontrava a artéria devida. Os grunhidos e as sacoladas desesperadas do animal eram dificilmente contidos pelas mãos engadanhadas do compadre e dos filhos enquanto Albertino, desacorçoado, não parava de praguejar e chamar nomes impróprios ao porco. Em desespero, forçou a mão com intenção de espetar a navalha no coração do animal, mas uma sacolada mais vigorosa fê-la largar para dentro do corpo do bicho. Nesta altura, o compadre entendeu tomar uma atitude drástica: agarrou na marreta e desferiu duas valentes carchantadas na testa do animal. Não foi por isso que a"meloreja e o arroz do osso da suã não lhes souberam bem.
O curioso desta história, diz quem assistiu, é que a navalha não foi encontrada quando se abriu o porco, vindo a aparecer dois meses depois numa saca de batatas de semente “rambana” que o Albertino comprou a um comerciante do Soito.
Esta deveria ter dado direito a choradela de Entrudo. Mas já ninguém chora o Entrudo.
domingo, fevereiro 04, 2007
A NOSSA FALA LXXV - PIXOTES
Isto só lá vai com uma pchorra de aguardente quente e açucar, aquecida em púcaro de barro no borralho da aldeia.
Em jejum.
Se calhar, somos homens para acompanhar com 3 figos secos cada um...
(A ausência também teve a ver com umas alterações técnicas determinadas pelo google que obriga a aceder ao blogger através de uma conta diferente e que atrapalhou a vida aos pixotes que aqui debitam letras e palavras. Cá o karraio (um pixote) já conseguiu resolver o problema, mas o changoto (outro pixote) ainda não.
A ver vamos se a receita da aguardente quente doce nos ajuda a desengadanhar as mãos. E a alma.)