Quando um dos seus compinchas se despedia era inevitável ouvi-lo:
- Já vás? Anda vai e vem qu’inda m’aqui agarras.
Havia os que já lhe conheciam a faceta e nem ligavam. A maioria, não apanhava o sentido, e ainda que atento, raramente o visado levava a mal. Uma vez, o Alfredo Mamanaburra levou, e não foi de modas: deitou as mãos à portinhola das calças de fazenda do Falabarato e... apertou com força, como quem espreme os tomates para fazer a tomatada. Avelino teve de aguentar a dor e a galhofa das testemunhas. Quando era ele a despedir-se lá vinha:
- Atão vá! Já me vou qu’hoje vou a dormir com uma mulher casada.
Em situações raras, tinha boas tiradas como aquela no casamento de um sobrinho em que o 4º quente da ementa era cozido à portuguesa e a senhora de decote generoso lhe encheu o prato de cenouras.
- Ó mnha senhora! atão vomecêi cuida que eu não tenho cenoura? Ande tire lá isso que já tenho que chegue.
- Olhe que dizem que faz bem aos olhos…- quis ela ser ingenuamente simpática.
- Pois, está bem! Mas ande que eu vejo bem a carne…
Sempre que apanhava um novato no grupo, desafiava-o para a aposta habitual. Mostrava-lhe a mão fechada, assim como que a jogar à moedinha e atirava:
- Tu queres apostar a todo o dinheiro de nós os dois juntos que eu tenho mais dinheiro aqui na minha mão do que tu?
O outro, se calhava ter a carteira bem recheada, e calculava que seria impossível o Falabarato conseguir guardar numa mão fechada a mesma quantia, atrevia-se:
- Olha que perdes! Vamos lá atão a ver.
Triunfante, o Falabarato exibia uma moeda de 1 euro e perguntava:
- Eu tenho aqui 1 euro. Mas é meu, tu não tens dinheiro nenhum teu aqui na minha mão.
Naturalmente, a aposta considerava-se saldada se o perdedor pagasse uma rodada.
Doutra vez, arranjou um sarilho com a Lurdes Malagota que vinha da horta com um caldeiro cheio de cabeças de nabo na molídia e o Falabarato não resistiu:
- Ó Lurdes, os teus nabos parece que não são lá grande merda. Os meus é que são bons. Olha, eu tenho lá um nabo que tem talo no grelo.
A Lurdes não a apanhou, mas o homem dela sim. Valeu o Feduchas que se pôs no meio e convenceu o ofendido que o Falabarato estava a brincar.
- Ele que vá a mangar c’a puta qu’o pariu, ora o filho dum corno.
Eram conhecidos outros jogos de palavras da mesma laia que o Falabarato gostava muito de usar, provavelmente desde que comprara uma cassete do Leonel Nunes na Senhora do Incenso: ele era “o meu feijão verde tem fio”, “ a minha uva tem cacho”, “a minha couve tem talo no olho”, ou “o bacalhau tem rabo”, etc.. Um malabarista da palavra, o Avelino Falabarato.
Mas aparece sempre um mais esperto. Um dia, ia ele a caminho da vinha armado de tesoura e serrote para a poda, no coldre de cabedal enfiado na correia das calças, passa pelo chão do Moca que estava armado de guilho e marreta a rachar lenha. Vira-se o Falabarato:
- Ó Moca, dou-te 20 euros se me venderes aí o monte da lenha.
O Moca olha para as 3 toneladas de lenha de azinho, sorri para o brincalhão do Falabarato e responde:
- Se me deres os 20 euros, sou capaz de te vender a lenha.
Avelino Falabarato ficou surpreendido com a oferta, mas não podia voltar atrás. Agarrou na nota de 20 e passou-a para as mãos do Moca.
- Pronto! Negócio feito, vou já a buscar o meu ratatau e ainda levo hoje a primeira carrada.
- Levas o quê? Tás parvo ó fazes-te? Eu disse que aceitava os 20 euros para te vender a lenha, não disse quanto é que queria por ela.
- Ai o rai! Já m’encrencaste!
18 comentários:
Ó Karraio dou-te vinte euriós, se descobrires quantos comentários vou fazer seguidos!
Enganete, é só mai este, eh eh.
Tens andado um bocadinho na balda, já tinha saudades de um Post teu Karraio.
No que respeita a jogos de cartas, o amigo Kóia dava um belo sucessor do Avelino Falabarato, não achas? Belo Post, um OK pra ti.
Amigo Karraio, só uma achega, experimente procurar em "coscuvilheiro", assim, com o "o" e o "u" trocados.
Já agora fica também aqui um link que pode dar jeito em futuras dúvidas de grafia, eu uso amiúde:
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
Um abraço.
Nalgumas paragens também conhecido por CB.
A propósito desta jogos de palavras, com certeza que o mais conhecido, e que todos já terão ouvido, é "o bacalhau quer alho", porque é o melhor tempero...
zzzzzzzzzzzz.
grrrrrr
ggrrrrrrrrrrr.
A última do bacano, foi eu é que sei, e esses 50 nunca me "disseram" nada. Como é que pode ser, meu Amigo. Há muitos, Silvas, ainda há espera do ok pra ti. Mas tu és assim. "Quaze", mesmo, treta quantica, eu sei que eu é que sou assim. Mas em "Liberdade".
Lapaxeiro prá qui, Lapaxeiro pra lá, eu voto aqui e não pode ser lá. Nunca na vida vi, tão lindos candidatos, Boto aqui boto além, não boto em nenhum, pra não maguar ninguem. "Posso"? O Silva não necessita do meu voto. Nem os outros. O Povo è soberano. Há vinte anos "éra" doido agora, por muito que nos doa, é soberano.25 de Abril Sempre.
Amigo Lapaxeiro, por via da "poesia" da treta, aconselho pelharanca.
E os outos. R.
Pois! essa de proibirem os galheteiros do azeite e do vinagre em que a gente deitava à vontade, não me parece grande ideia. Para já, dá cabo de algum mercado local, porque os restaurantes vão ter de comprar o azeite às empresas com sede em Lisboa ou em Madrid que lhes vendem a saquetas. E o azeite que lá metem...há-de ser o que lhes dá mais jeito. Ganha-se em higiene, perde-se em qualidade. E o "nosso" azeite? o que é mesmo de azeitona da portela, da saramaga, do carregal?
Olha! mete-se nos carros...
As coisas ou se dizem comédado ou fica o negócio empatado. Vem isto a propósito de um campeão que aqui inicia uns trocadalho do carilho numa de tentar uma mudagem de linguança, mas fica-se só pela amostra. Faz lembrar o outro que não conhecia os pássaros porque só lhe mostravam a cabeça!...
Vamos lá acertar agulhas: "Conquentão brochelência comprou um fato novo! Ficará-lho bem, ficará-lho mal? Cabrão-lhe as mãos nos bolsos? Não lhe cabrão? Invaginemos que lhe acrescentamos um metro de pano!
São coisas que aconatecem!
Co-lhão-de fazer?
ou então estoutra:
Com a maior brevidez e rapidade pedi que me trouxrssem um bafé e um cagaço,mais um carião de limoca. Que mos pusessem na meseira de cabecinha, a mim que sou de sacavide concelho de moscavém.
Há muitas mais mas agora ficamos por aqui...
Ainda alguém se lembra do sumás de ananol que trazia a caranha do homem arica?
Ó rei da Àsia, daz-mia tua irmã ou nao dázia ?
Karraio, uso o seu post (indevidamente e, por isso, desde já me penitencio) para o informar que o Oliveira lhe respondeu.
e o post que tinha a mosca (ainda tem) foi escrito sob a influência (deturpada) do que leio no baságueda.
aliás, cheguei a ter intenção de o oferecer a V. Exas., mas achei que era um abuso e não o fiz.
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