Em 1997, o Jornal de
Notícias distribuía uma colecção de 6 cd’s com recolhas musicais de todas as
províncias e ilhas, numa antologia chamada “Portugal, raízes musicais”,
sob a coordenação de José Alberto Sardinha, um investigador de música
tradicional portuguesa que, na esteira do pioneiro Michel Giacometti, percorreu
as aldeias do país a registar as tradições musicais mais genuínas.
Um desses cd’s é
dedicado à música tradicional da Beira Baixa e Beira Transmontana. A faixa nº 7
foi gravada em Aldeia do Bispo, na Lagariça.
Não se sabe bem como
é que as coisas aconteceram, mas há-de ter sido algo parecido com isto: José
Alberto e o seu técnico arribam à terra dos xendros, vão à casa do pároco e
perguntam-lhe o que existe de genuíno e autêntico naquela terra em matéria de
música tradicional. O Pe Pinto ter-se-á lembrado, imediatamente, da tocadora
mor de adufe que havia na aldeia: a Ti Júlia Toca.
Estabelecido o contacto,
provavelmente ali no cantinho dos tocos entre o Cavacal e o ribeiro cimeiro,
onde a Ti Júlia morava, não deve ter sido difícil ao investigador aperceber-se
rapidamente que estava perante uma jóia. Bastou convencer a Ti Julia que se encarregou de convocar um grupo de vozes afinadas. Compareceram a Nazaré Maregas, a Emília Estopa, a Natália Simão e a Clodete Menas que ofereceu o seu sótão para a gravação.
Ouvidas algumas
cantigas do cancioneiro local, é escolhida a “Senhora do Incenso”.
Aí fica a
gravação. Para quem conhece, será muito fácil reconhecer as vozes e o bater
certo do adufe nas mãos da Ti Júlia Toca.
1 comentário:
Cantar é o meu sonho! tantos dias me lembro da beira baixa! todos da minha vida! Sou um tolinho, eu sei! mas todos temos coisas, e eu tenho uma que se chama BEIRA BAIXA!...
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