Resolvi trazer-vos hoje uma novidade. Espero que gosteis. Às vezes a gente põe-se a escrever e as palavras vêm sem pedir ordem e as ideias juntam-se e formam um cozinhado que, ora sai apetitoso, ora arisco. Ao fim de ter escrito isto disse: não está mau. Só por isso vo-lo deixo. faz lembrar o início da Casa Grande de Romarigães, do não menos grande Aquilino: quis fazer um gamelo para o cão e saíu-me um tropesso. Quando comecei não sabia onde ia parar. Deixei-me ir. Se quiserdes fazer a viagem comigo acompanhai o trajecto.
Chamei-lhe o REINO DO COSSENÃO
Nunca estamos sós cossenão não tínhamos para quem escrever e assim era tempo baldado este que aqui agora despendo. Um homem casa-se para não ficar sozinho e ter quem lhe coce as costas cossenão tinha que alisar as esquinas das paredes. É neste reino do cóssenão que vive o Calado que diz tudo cossenão "arrebentava" e um Calado se "arrebenta" fala. Foi por isso que um dia me disse o Calado: Dizem que disse ou tenho dito é o que se diz quando já se disse o que se tinha para dizer; ora como eu ainda não disse o que tinha para dizer não posso dizer que já disse; por isso digo e torno a dizer que tenho que dizer o que tenho para dizer cossenão este reino do cossenão não diz o que tem para dizer e deve ser dito e isso não fica bem ao Calado que tudo diz. Há outros que eu conheço que pertencem a um outro reino que é o dos Cus Aqui Estão que falam com o dito e por isso valia mais que estivessem Calados mesmo não se chamando Calados como eu que calado tenho que falar. A mim nada me acontece quando digo o que tenho para dizer porque sou Calado e assim posso dizer que disse quando já tiver dito o que tinha para dizer. Portanto aqui fica dito que disse o que era para ser dito; portanto disse ou tenho dito que é como quem diz que já disse o que disse. Disse.
Chamei-lhe o REINO DO COSSENÃO
Nunca estamos sós cossenão não tínhamos para quem escrever e assim era tempo baldado este que aqui agora despendo. Um homem casa-se para não ficar sozinho e ter quem lhe coce as costas cossenão tinha que alisar as esquinas das paredes. É neste reino do cóssenão que vive o Calado que diz tudo cossenão "arrebentava" e um Calado se "arrebenta" fala. Foi por isso que um dia me disse o Calado: Dizem que disse ou tenho dito é o que se diz quando já se disse o que se tinha para dizer; ora como eu ainda não disse o que tinha para dizer não posso dizer que já disse; por isso digo e torno a dizer que tenho que dizer o que tenho para dizer cossenão este reino do cossenão não diz o que tem para dizer e deve ser dito e isso não fica bem ao Calado que tudo diz. Há outros que eu conheço que pertencem a um outro reino que é o dos Cus Aqui Estão que falam com o dito e por isso valia mais que estivessem Calados mesmo não se chamando Calados como eu que calado tenho que falar. A mim nada me acontece quando digo o que tenho para dizer porque sou Calado e assim posso dizer que disse quando já tiver dito o que tinha para dizer. Portanto aqui fica dito que disse o que era para ser dito; portanto disse ou tenho dito que é como quem diz que já disse o que disse. Disse.
Aqui ficam as regras para aqueles que quiserem pertencer a este reino do cóssenão:
1- Escrever a preto em papel branco
2- Contar contos sem os contar
3- Dizer coisas sérias a rir
4- Ser do contra quando se está a favor, só se fazer cada vez melhor
5- Ser lógico até no absurdo
6- Ter sempre à mão o que está ao pé
7-Ter sempre ao pé o que está à mão
8-Cortar no cortado
9-Bufar sem cheirar
10- Falar calado
11- Ouvir o barulho do silêncio
12- Fazer festas à bruta
13- Ser pai e filho
14- Comer sem abrir a boca
15- Fechar os olhos para ver melhor
16- Dar um passo atrás antes de avançar
17- Confessar os segredos
18- Ver o belo no horrível
19- Sentir a vida na morte
20- Ter a certeza da dúvida
Tendes que cumprir esta regras cossenão nunca entrareis neste reino do cossenão.
Pela vossa paciência vos ofereço uma poesia em prosa:
É parados que viajamos
é empinados que nos sentamos
é sem pensar que julgamos
é sem pesar que avaliamos
é a dormir que acordamos
é sem falar que escutamos
é sem ralhar que vingamos
é sem andar que vamos
é sem querer que amamos
é sem luz que apalpamos
é calçados que nos descalçamos
é a sós que nos damos
é por nada que nos entregamos
é por pouco que lutamos
é pelos outros que nos preocupamos
é pela diferença que nos igualamos
é pelo desafio que paramos
é pelo descanso que trabalhamos
é por cair que nos levantamos
é por saber que erramos
é a brincar que poetamos
Deixo-vos um Xi. Hoje não houve xendros. Logo voltam.
1 comentário:
Bem esgalhado changoto.
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