A terra dos xendros é fértil em alcunhas. A coisa começa logo com esse exclusivo nome que a todos identifica: xendros, um bonito nome que ninguém sabe a origem, mas que soa bem. Pessoalmente simpatizo com a tese do passarinho, isto é, que xendro será nome de felosa, eventualmente da espécie PHYLLOSCOPUS COLLYBITA. Honestamente, dá-me mais gozo ser apelidado com nome de passarinho, do que de legume como os lisboetas, ou, pior ainda, de designação popular de elemento do órgão digestivo como as gentes do Porto.
Tinha o simpático leitor menos 15 anos quando promovi a recolha (quase) exaustiva de alcunhas na terra dos Xendros. O número total andaria a roçar as seis centenas. Considerando que a Aldeia tinha cerca de 800 habitantes, das quais, 50 ou 60 crianças com idade inferior a 7 anos – gente que ainda não tinha justificado o (re)baptismo -, significa que havia pessoas sem alcunhas, coisa que não posso compreender. E, confesso, que me custa aceitar. Como é que pode haver 600 pessoas devidamente alcunhadas e 100 por alcunhar? Não posso - não poderá igualmente o simpático leitor -, deixar de ver aqui uma situação de injustiça e descriminação. E não me venham com o argumento de que se poderá tratar de uma descriminação positiva, porque a alcunha é estigmatizante e não sei quê… Algumas até podem ser mas, ao mesmo tempo são socialmente integradoras, o que compensa bem o eventual efeito estigmatizante. Por exemplo, o xendro a quem chamam de picha d’aço, deverá sentir-se rotulado positiva ou negativamente? E essoutros que acodem por esfola gaitas, ou por puta maluca?. Estas alcunhas, tal como todas as outras, terão resultado de um episódio marcante na vida da pessoa, ou reflectem um determinado traço da sua personalidade. Ora, convenhamos, há algo de heróico numa alcunha como a de picha d’aço. Desconhecendo o episódio em concreto, podemos sempre livremente imaginar uma cena que justifique tal alcunha. O mesmo vale para espanta mulas ou para mama na burra ou para capa grilos, ou para caça moscas ou ainda para jaja nova. Será preciso fazer um desenho para justificar a alcunha de caga e tosse? Tanto quanto me foi dado a conhecer, o visado permitia-se até alimentar a denominação.
Bom, condescende-se que o venerável cidadão conhecido por peidorreiro terá direito a não apreciar convenientemente o chamamento público, mas isso só porque ele se esquece que, pese embora todos o sejamos – coitados daqueles cujo organismo não possui um sistema de escape em bom funcionamento-, ele é o único que se pode gabar de ter essa sua faceta reconhecida. De igual modo, a respeitável senhora conhecida por forca dos ratos verá desrespeito e desconsideração no nome mas, se calhar, não é caso para tal.
Já precisaremos de uma imaginação mais elaborada para enquadrar, alma de sino, montanhaque, vale quem tem, pantelhão, pito em couro, talha burricos, varinha d’arado ou zé inverno, mas com tempo, havíamos de lá chegar.
Concordemos pois que bem aventurados serão os que foram bafejados pela deferência colectiva quando saltaram para a lista dos eleitos, dos merecedores de uma alcunha comunitária. Pobres dos outros, a quem a comunidade nunca reconheceu relevância a nenhuma das suas acções, tão pouco valorizou um só traço que fosse, da sua personalidade . Que sentem ou sentiram essas pessoas? Porque é que a comunidade xendra os descrimina? Serão esses concidadãos, xendros de 2ª que não mereçam uma alcunha? Que factores estão por detrás da sua deficiente integração na comunidade? Questões que justificariam uma tese, no mínimo, de mestrado, cujo quadro teórico teria necessariamente de recorrer, entre outros, a Ferdinand Tonnies (com umlaut no “o”) e ao seu conceito de gemeinschaft. Sim, que a terra dos xendros ainda abriga relações típicas da gemeinschaft de F. Tonnies: o nascimento e a morte são publicamente vividos e sentidos, o potlatch é praticado em diversos domínios, na entreajuda no arranque das batatas, na matança do porco, na vindima e na colheita da azeitona e, mais comum, nas rodadas no café ou na procissão dominical entre adegas. É a ruralidade a resistir (ainda e sempre) ao invasor urbano e seus padrões. A coesão de uma gemeinschaft depende do grau de integração de todos os seus membros. Estou em crer que ajudaria se todos tivessem direito à sua alcunha.
Só para que conste, na sequência da tal recolha realizada há 15 anos (desactualizadíssima, portanto), foi pedido a uma amostra estatisticamente relevante de xendros que votassem nas alcunhas mais engraçadas. As "quinze mais" foram:
1º - Esfola Gaitas
2º - Picha d'Aço
3º - Vale Quem Tem
4º - Caga e Tosse
5º - Capa Grilos
6º - Bate na Avó
7º - Alma de Sino
8º - Mama na Burra
9º - Montanhaque
10º - Espanta Mulas
11º - Pantelhão
12º - Pitincouro
13º - Talha Burricos
14º - Caça Moscas
15º - Peidorreiro
16 comentários:
A ber Karraio, soberba, a limpeza de beiço. Viva o verão junto á Fuzeta. Mai nada. Quem não for molezas que se...
Preocupe, pois o mundo qualquer dia, é tu cá tu lá, mais o resto, tipo esse fui eu e depois quem foi foi, quem não era tivesse sido.Há Há Há. Eu por acaso não havia necessidade! ! ! Pois o Povo sou eu. Mas vá. Até acho piada. Com reserva do primeiro paragrafo, o Karraio, explica a verdade absoluta, e isso é o que nos consome, e essa é a marca que destingue o povo. Mormente eu conheça grandes Senhores cujas alcunhas se conservam a um nivel muito superior. Lembrava o meu Vitor e outros. Em qualquer dos casos 100% de acordo, Viva o meu amigo Karraio. Quem não tem alcunha há mais de dez anos e se sinta descriminado, por via di o qualquer coisa, pode e deve ligar para a TVIA, será sertamente bem atendido, se não for na certã, será numa piscina com uma gaja foleira pintada de loiro. ( como é que se descobre uma loira verdadeira? mandem um mail, gostava de saber )
Vicio, de deixar o Lapaxeiro pra outro dia. Proventura ábito de outras as mesmas álcunhas. Na verdade sempre foste análise reservada, ou quaze sempre. Nem que isso fosse muitos meses depois. Comigo nunca haveria musgo ou caverna que nos prendesse pra sempre. O 1 e o 2 excelente, o resto essa forma revoltada de ser honesto, mais esse tip+o de conversa que só acontece ás vezes neste Blog. Neste Blog. Isso neste Blog. UM uma alcunha?
Uma Alcunha!
BASAGUEDA
Chega um BMW, o gajo sai, eu estou proximo, o gajo vem á pressa, para junto a mim e grita ao mesmo tempo que nos olhamos nos olhos. Dou um bafo. E olho pro relógio. Depois mexo na gravata e ele ainda não parou de berrar, olho pro cigarro, está meio, mas vá, tá bem assim ele pára de berrar, apenas o largo junto a mim, aumentei-lhe o volume, mexo o braço esquerdo, chamo ninguem, e ao mesmo tempo baixo a cabeça e pergunto-lhe em vós maluca só com um olho aberto. OS AMERICANOS O QUÊ? Esquecem-se sempre da conversa e o resultado é sempre o mesmo, a GNR é ali ao lado.
Há depois aqueles nomes todos, que nos chamam, quando fazem aquele olhar e aquela conversa, tipo venha o diabo e escolha a alcunha. Isso acontece-me normal, quaze todos os dias, mas o tal ábito acaba por condicionar as alcunhas e com muita experiencia e algum nivel, até os nomes. Impossivel mesmo é explicar qualquer coisa que não conheces, tipo o olhar da tua melhor amiga, e aquele silêncio preocupante, tipo o que é que eu fiz. Quando ficas á toa, porque a tua melhor amiga é a tua melhor amiga e tens uma irmã tipo igual, mas não é o caso. Então que diabo se passa? Ela não diz só faz aquele ar que te deixa a pensar, será que duas horas por dia a pensar em mim não chega, ou será que se ela muda-se´ de atitude, era capaz de me ajudar a reduzir isso, tipo pra uma hora hora e meia. Porra. Não entendo, se desististe do amigo diz. Compaixão mãeteto, ou tetum, vai dar ao mesmo, quando tiveres 60, talvez me possas irritar, Oubiste ó velha.
Miãu, diz que não, ATÂO PÀ E QUE FOI! Tudo isso somado, e zero resulta no mesmo. Adoro essas teorias de turista, condescendente. Eu troquei a terra onde nasci e onde 18 fiz, com choro. Passado um ano fui conquistado, com exemplo no meu discurso militar, sobre a origem. Agora pinceis cor de Rosa, porra, sendo turista, admito. Gente bruta a dar cum pau, inculta na prespectiva da minha prespectiva, mas sempre culta na perpectiva, logo intereceira, ou por ventura da Horta ou Corvo sei eu. Isolamento Autofabricado. Povo que merece ougulosamente assim berrar com ougulo... Como dizia o outro, vinte anos depois, Aldeia de Joao Pires o Tilt, anda ai algures. Povo da treta. Essa resulta, nesta meia duzia de tontos tipo eu, que nasceram masoquistas.
Piada do mês, " A ruralidade a resistir" O TV Rural e a poção magica que alimentava um milhão de Portugueses, já AGORA. Fiquei cheio de sono de repente. Quero ser Alentejano.
È por essas e outras, que tanto estimo o Senhor EDUARDO LOURENÇO. Mais o Kanrraio, o Lapaxeiro e outros. Essa é que é essa. E como digo quando me irritam, Eu é que sei...
Bem hajas por teres Obliterado amigo Lapaxeiro, foi só um mini curso sobre obliteração que agora fiz, mas na verdade, a obliteração é uma "esxelente" catequese, na verdade. Um OK pra ti. Viva quem já obliterou e sorte muita sorte pra todos.
Para que não existam dúvidas, espatafurdias, referiame-apenas ao último paragrafo do lapaxeiro. Eu é que sei.
Qual é que era a tua alcunha ó Lapaxeiro? Não te conheco , nenhuma! Será a vantagem, de ter e de te chamarem por dois nomes próprios? Só pra que se saiba que eu não sou uma "invensão" de ninguem. Eu sou verdadeiro, Existo e assim sendo também crio má disposição, ninguem tem piada de forma QUE onde tudo parece ser na verdade é tudo relativo. Tive alcunha pessoal, mas já não tenho, o karraio teve tambem e já não tem, ouve um esforso, para a perder, determinação e até conflito, verdade é que esse assunto tem conversa! ( eram tão inofencivas até quaze superiores, mas, não é o nome de "batismo" á quem não goste, não era o nosso caso, sobretudo, fica mal quando quem usa, não sabe não viu não sabre porquê e usa sem geito, sobretudo, aí faz diferença. Quem diz quem chama e onde. Logo acredita, não existe o fifi nem o titi, mas o doótor ou o insspétor, no chamamento, pró King, é normal, pois na verdade, o mundo é agora diferente, todos iguais, tipo,os,que,não se sabem defender só porque, não tem posição ou eloquência, devem ser, até se possivel aqueles, com autoridade, pra nos tentar provocar, ou isso. Isso é treta é assumido, quaze combinado com o autor, no entando algo que nos parece bem, pelo menos, com a liberdade de dizer, em qualquer momento ouve lá, não me chames isso! È só isto que eu queria dizer Hoje. Mas já agora acho que o Administrador deste Blog, - deveria, em vez de se preocupar com a hora dos com. preocupar-se "maís" com a data "DìA" dos ditos. A não ser que ele saiba e n´s não.
Fica sempre aquela vontade de ouvir mais uma musica, ou mais um ventil, ou mudar o penso antitabaco, é vinte e quatro horas né? BEm. Já me esqueci do mais importante.
Emagina, Emagina tu! tá bem, mas vá lá imagina vá lá, sim, diz-me lá em que dia o zé da burra lá foi. O dia antes do meu com, ou do teu? Do teu! Do meu? Tás tonto! Eu! Tu é que andas l´a todos os dias, eu só lá fui uma vez há muito tempo e eu estou muito proximo da "NobreZa" da Aldeia, mesmo junto do povo, nesta minha mão, neste azo, de povo a que eu me dou em memória, nesta minha incrivel e simpatica forma de descer ao povoado. Adoro sentir o meu passado a saudar-me o regresso, adoro tanto, tenho tantas saudades, daquelas alcunhas. È isso amigo ninguem os entende, andam lá no limbo, entre o vou ser kota assumido aos 55 ou puto com 54, vou ser do povo, ou mantenho este esquema, daquela gente sem geito e piada, que me gaba de forma hipocrita? Fico Kota ou nÃO. mAIS TERRA A TERRA, SEM, essa saudade não cumprida, lembrado que estou dessa mudança, desse jeito, dessa coisa que nos aparece, tipo o mundo, não era só aqui lá, trinta anos depois, o mundo é diferente, mais assimetrico ou não? Estou a ouvir neste momento, Mariza, como uma flor a sorrir desmedida. Na verdade a Aldeia do Bispo não deve estar assim tão moribunda. Está moribunda é verdade. Mas o vosso esfors"s"o ainda que honesto aos 70, já não ajuda nada. Èssa é que é essa. È sempre atrasado, mormente esse momento curioso, ( eu que já corri meio mundo ) mas nunca chegei a paris, o meu avô chegou atá á Bemposta, mas na verdade vivi tipo um filme, tipo Kazan, naquele momento do paris na Rosa. Hoje fui lá "beber café, ontem por acaso tomei" lá café, mas logo vos conto, só uma idéia, "estávamos" só os dois.
Só eu e a ti Rosa do café, Juro. 23H00. Não doi, faz-me sentir importante só isso. E isso ás vezes é bom.
Eu sei que que já fui um gajo giro, mas admito que sou um p´re cota charmoso. Isso não tem conversa, é um facto, não se pode mudar, só o tempo, crendo. Mas a conversa da ti rosa, dá-me gozo. Não fui lá pra falar, fui lá porque o zé, puto, não tinha Ventil, e eu ainda não comprei os adsivos antitabaco, Bebi um café e depois ouvi a Rosa e o King lá em cima estava cheio, A senhora estima-me e eu sinto-me estimado, ela esquece sempre o madeiro e as directas de ginginha, que eu pretendo esquecer, a bem dizer guardar, os anos fazem o resto, mentira, mentira, a ti Rosa, não vai em anos, porventura raramente se engana, é tão bom sentir este sentimento, depois daquele espelho que comprei aos chineses, é a segunda pessoa que me faz sentir, que sou um gajo porreiro. ( Não tentem porque ninguem consegue e fica caro.)
Este último comentário, foi muito depois, da última vez.
Em qualquer dos casos, isso agora não tem nada que ver, está publicado á bué não metem dia só dizem já esta,. Agora, onde é que anda o gajo da Lagariça que já tem Banda Larga?
Basta teclar, ainda agora, não custa nada, são teclas que, o nosso "cerbero" comanda. Não custa nada, bem a primeira, vez é parecido, mas, é diferente, há mais apoio, admais, continua a haver luta, e tu és gajo p+ra não desistir, neste blog todos esperam esse, tipo que és tu.
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