quinta-feira, fevereiro 09, 2006

A NOSSA COMEDURA - V - DO LEITÃO COMÉDADO AO ESPARREGADO DE COUVE À BRUTA

O homem e a arte sempre estiveram perto. Foram muitas as discussões sobre o juízo do BELO. A Estética - preocupação, por excelência, do estudo do belo - acaba por se emaranhar já que tão fácil é (?) defender que o gosto depende dos sentidos, que (in)(en)formam a razão humana em função do que lhe é dado a contactar pela via dos sentidos, como se pode defender que o juízo estético é, por natureza, reflectinte, desinteressado, puro, "a priori", garantindo assim uma universalidade e uma objectividade que, aliadas à necessidade, quase permitem afirmar que o que é BELO para um , em princípio, devia ser belo para todos, porque quando eu emito um juízo de gosto de forma desinteresada, parto, A PRIORI, do princípio que qualquer pessoa que estivese na minha posição, diria da obra de arte (ou dum leitão bem tostado e pronto a ser degustado) o mesmo que eu digo. Exijo a adesão dos outros ao meu juízo. Neste sentido, como eu igualo o subjectivo ao objectivo e a liberdade à necessidade, o juízo estético seria universal e o mesmo para todos. MAINADA!
Daqui se infere: " os gostos não se discutem... O que se passa, todavia, é completamente diferente e como diz bem Henrique CAYATTE, excelente designer português," se há coisas que devem ser discutidas, o gosto ocupa o lugar cimeiro."- EU ASSINO POR BAIXO!
A esta hora já estais vós a barafustar:"com filha da puta! Um gajo vem à espera de saber como se confecciona COMÈDADO um reco e apanha com uma meditação lúgubre(!?) sobre problemas de estética a nível hiperurânio. Este Blogue é assim mesmo: quando lhe dá para jogar ao sério ninguém o faz rir. (Apenas MARCEAU e a sua inigualável arte de mimar.) Atendendo a isso, vou dar-vos um MIMO: REVELAR-VOS OS SEGREDOS ESCONDIDOS DA ASSADURA DE UM RECO ATÉ AÍ OBRA DE UNS DOZE QUILOS EM FORNO A LENHA E EM SUSPENSÃO.
TOMAI LÁ A RECEITA E EXPERIMENTAI :
(APROVEITO PARA DIZER QUE AS RECEITAS QUE AQUI SE APRESENTAM SÃO, FORAM E SERÃO, RESULTADO DE provas reais, LOGO, DIGNAS DE TODO O CRÉDITO.
O que precisamos:
1 - um(a) reco(a) aí até 12 Kg de máximo
2 - um forno a lenha com 55 cm de raio, pelo menos. Equivale a 1,10 m de diâmetro
3 - evidentemente, lenha para atear e aquecer o forno até à têmpera adequada.
4 - um tabuleiro que entre na boca do forno e com duas hastes ao centro nas paredes mais curtas do rectângulo com a altura bastante para suportar o bácoro no ar sem bater no chão. Se for necessário prendem-se as patas ao corpo do cochino com um arame.
5 - Exige-se que, ao matar do cerdo, apenas se abra um rasgo no pescoço para tirar a gola e outra ferida no ventre por onde se tiram as tripas.
6 - um pau de loureiro (de preferência) ou outro, ou até mesmo um espeto, suficientemente comprido.
7 - Uma agulha de albardeiro e respectiva guita (barbante) para coser o porco.
8 - É conveniente que o animal seja temperado de véspera.
9 - Para o tempero:
- mais ou menos 20 gramas de sal por Kg de leitão
- 250 gramas de banha de porco
- pimenta branca e preta moídas
- alho com fartura
10- confecção:
- esmagam-se os alhos (20 a trinta dentes abertos, escarchados e sem grelo) com o sal, num almofariz; quando já estiver tudo numa pasta envolver bem a banha; em caso necessário adicionar um chirrichichi de azeite para permitir melhor ligação; juntar as duas pimentas (meio pacote de cada) e continuar a envolver.
11 - a pasta deve estar homogénea, a ligação corredia, mas espessa; pica-se o interior do bacorinho por dentro com faca aguçada, tipo matadeira, mas de modo a que a pele não seja furada.
12 - Pelas aberturas (gola e ventre) barra-se o cochino muito bem.
13 - cose-se com o barbante, fechando COMÈDADO os orifícios; unta-se por fora com a pasta restante .
14 - Mete-se o pau de loureiro pelas traseiras do tó, até às dianteiras e suspende-se o porco no tabuleiro .
15 - Prepara-se o forno, tendo o cuidado de deixar algumas brasas nas laterais e de cobrir o roncador com papel alumínio.O LEITÃO DEVE ENTRAR SEMPRE COM O DORSO PARA CIMA (não esquecer que deve ir tapado com papel alumínio).
16 - se se tiver tido o cuidado de ter preparado umas batatinhas em forma de meia lua, temperadas à maneira: com azeite, vinho branco, água, pimentada caseira, uns nacos de cebola à alma do diabo e uns cheiros de toucinho de presunto, uns raminhos de salsa e pimentada caseira para dar o sal, metem-se os tabuleiros e encostam-se às paredes do forno tendo o cuidado de os cobrir com papel alumínio.
17 - introduz-se o animal com a cabeça virada para dentro e espera-se aí obra de 15 minutos e veda-se a porta do forno
18 - abre-se o forno, destapa-se o porco do papel de alumínio que o cobria, despeja-se um bom meio litro de vinho branco para o tabuleiro e volta-se a fechar bem o forno.
19 - esperam-se mais 10 minutos até que a pele do dorso toste bem, retita-se o tabuleiro para o porco "constipar", tapa-se bem o forno para não perder têmpera, barra-se com o próprio molho, entretanto caído para o tabuleiro misturado com o vinho branco, e introduz-se de imediato no forno, que volta a ser bem fechado.
20 - Meia hora depois, torna-se a vazar vinho branco no tabuleiro e veda-se o forno.
21 - Ao fim de mais ou menos duas horas o animal deve estar pronto a partir para os comensais.
...
Enquanto todas estas fases ocorrem, vai-se à horta, cortam-se umas couves de variadas espécies: lombarda, bacalan, coração de boi, penca, valhascos,... , cortam-se grosseiramente, enquanto uma panela grande aquece no fogão a água para as cozer, lavam-se bem, deixam-se ferver até cozer sem amolecer, escoam-se da água e reservam-se.
Descascam-se uns 20 a trinta dentes de alho, espalmam-se, TIRA-SE O GRELO, e esturgem-se numa caçarola onde caibam as couves escorridas.
Quando estiverem a amarelecer, despejam-se as couves e, com colher de pau, envolvem-se bem no AZEITE onde se esturgiram os alhos.
Quando estiverem bem untadas, já embebidas do gosto alhado, salpicam-se com vinagre de vinho tinto a gosto, envolvem-se em farinha sem fermento e abafam-se.
Da parte da água onde se cozeram as couves pode fazer-se um arrozinho malandro.
Vai tudo para mesa em simultâneo: leitão partido, acompanhado com gamelas do molho que se retirou do seu próprio interior, batatinhas forneiras, arroz em água de couve e o esparregado feito à bruta.
Degusta-se, acompanha-se com tinto bom de uva (que ainda o há) e enfeita-se com os mais variados comentários. Convive-se.
Nos finalmentes, pode servir marmelada caseira com queijo amanteigado, ou requeijão, simplesmente queijo curado vazante, uma boa ginja de dois anos, um café travado, e um Jameson para arrebater.

CUIDADO COM AS VIATURAS E COM QUEM VAI NELAS.
...
podeis então discorrer sobre quem tem mais razão: se quem defende que o prazer e o gosto (a AITSESSIS) são de cariz subjectivo e derivados das informações sensoriais, ou, qualquer gosto é uma aparência da realidade longínqua da perfeição gustativa única de que este gostoso prato apenas participa...
Um bom apetite e melhor proveito são os desejos dos tutores do blogue. UM XXXXXXXXXXXXXXXXIIIIIIIIIIIIIII
Sempre é melhor tema que futebol ou gajas (déjà vu).

20 comentários:

Anónimo disse...

Pois é! Isso tudo parece muito apetitoso, mas onde é que eu tenho um forno a lenha e uma horta cheia de couves? Só me resta a esperança de que um dia o Changoto me convide a comer o bácoro na sua quinta.

CanisLupusSignatus disse...

vai pró fim da fila :P

Anónimo disse...

Vai lá vái, até a barraca abana. Eu só consigo obdecer a regras deste calibre, a ver se não chunbo, mas, ma.m(Cálhatê!)dizia, a ver se consigo a promoção a cabo. Sem gozo, introdução, vinte valores. 5 Estrelas. O resto da receita, tambem gostaria de partilhar, feito por ti claro. Um OK muito grande de quem tinha, muitas saudades. ( palavra dificil de explicar aos espanhois porra.)

Anónimo disse...

Claro não li a receita, cassenão, morria a rir. Pronto li duas linhas agora. Mas, vou resistir juro. É cedo não vou entrar em folias, Álias tá dito!

Anónimo disse...

Bem amanha falo sobre AITSESSIS, até porque, vou falar com, amanhã e por a virgula na aspirina que lhe aconselhei. Era a aspirina que se vende na Farmacia, è a aspirina que eu conheço. Aquela que eu uso quase nunca, mas a unica que conheço. Claro que para aqueles que não são quase meus irmãos, tenho vários tipos de receitas. mas bem, tenho, no EMULE sempre cinco fontes, activas ( somos seis), logo ´mais que normal. A amizade tem destas porras. Falo por mim, fica-se menos Egocêntrico. Eu queria dizer mais exposto.

Anónimo disse...

Pois é amiga gadanha, esse tipo de motejo, era-me desconhecido. Já vi que adoraste o leitão. Inveja tenho eu, inda por cima, tinto, feito com cuidado. E boa conversa. Talves, um dia eu consiga fazer-me convidado.

Anónimo disse...

Uma vez, lembro-me de um passe, milimétrico do Paulo Sousa na selecção, Fiquei! Médio. Assustado, sempre, com o tamanho da baliza, valia o gozo, de ver ao vivo, em directo, gajos, brinca na areia, parava o jogo, era outro jogo, bem feito, se bem feito, eu ficava menos sstressado. Mas tipo paulo sousa, só dois meio campistas, Karraio e Augusto, sabiam parar a finta e passar a bola, eram precisos no passe, ( Paulo Sousa ). E eu lá atrás a deliciar-me e a rezar, pela bola no meio campo. Futebol 11. Futebol 5, era comigo, maior gozo, dar a bola ao adversário, remata, eu defendo. Moral da História o Karraio é do BENFICA.

Anónimo disse...

Calma, calma Sportinguistas, dum raio, no batoco antigo, há muito tempo ouvi com magua, na altura uma inclinação, desconcertada, por vós, Lagartos dum raio.

Anónimo disse...

Acho que devem existir mercados. Até acho que as mulheres podem ir aos mercados. Ás vezes fico na quela? será que as mulheres, só as que fizeram compras no mercado, devem regressar do mercado? Pois é porra.Vende-se tudo no mercado. até a medida da alma, " se não servir traga que eu troco " Ainda não cheguei aos feirantes, Senhor. Na verdade o mercado é uma espécie de luz vermelha, no feminino, á luz do dia. Até ai gozam. Mas bem na verdade eu sei que a libertação, é isso. Nada do que falei, mas sim ser "igual", com as devidas diferenças. A batalha está quase ganha. Mas por favor, não deixem de ser Mulheres, Sois diferentes, Graças a Deus. E nós pouco mudamos é verdade, pode-se tentar, e depois será que vos dá jeito, será que não ficais com saudades, do tempo em que havia Homens, claro do seculo XXI.

Anónimo disse...

Quem sou eu pra teoremas, Meu Deus até me encolho. Não sei se diga, já só tenho mãe, ou ainda tenho mãe. Sei que o assunto, me pôe roxo. Mas, mas, a vida, é tão má. Foge tão rapido. Não temos um quinto do tempo que pensámos. Comemos o mundo todo, e pouco saboriamos. Cumprimos o destino, talves, não sou obrigado a concordar. Logo eu, Amigo da Paz, e da Fraternidade, má sina a minha. Mas agora estão a ver, já não saboreio, as lágrimas, correm prós lados. E esta!

Anónimo disse...

Outro dia, perguntaram-me, qual era a pessoa de quem eu mais gostava, ou aquela por quem, sendo o caso, dava a minha vida. consegui excluir os velhos, logo perceberam, e insistiram na pergunta, contrariado, respondi, quase, a perdi, a olhar, ganhei na conversa, era por ele. Foi cá um susto! não desejo a ninguem. 1982. Qual Garcia, qual Evereste.

Anónimo disse...

Eu bem tento, esforço-me mesmo a sério, acreditem, mas... não consigo entender as falas do pratitamem. ò blogueiros karraio e changoto ajudem lá e expliquem as falas do senhor.

Anónimo disse...

E pergunto eu: então será que o pratitamem é para perceber à segunda? e à terceira? ou será à quarta? Será mesmo para perceber?

Anónimo disse...

É com agrado que assinalo o regresso do nosso amigo CanisLupus, ainda que parco em palavras. Sinal de que a amizade não tem conta-kilómetros. Oxalá se mantenha minimamente assíduo e vá dando notícias.

Anónimo disse...

Palavras para quê? Fcico-me pela imaginação.

Anónimo disse...

Bernardim Ribeiro, fiquei. Passado. Boa. Por acaso gostei, do bacano. Aquele que mentia e brincava com isso, o mentes pinto, minto, esse era, mais duro. Pois é. Lapaxeiro, quem não gravou, tivesse gravado. Agora desenhos, já é tarde. Mas custa doi.

Anónimo disse...

pois é. È tão bom, ficar junto ao sinal da cruz, a cuspir, que nem vale a pena saber nem porque? nem porque não? Conhece-mos tão pouco, mas sabemos tanto, mais do que é necessario, para criticar, mais do que, pode ser "sufeciente", pra mostrar a nossa incapacidade! Cá pra mim podem se esconder na caverna. Até saberem fazer perfume com mé dado.

Anónimo disse...

Epá, se eu fosse capaz de mudar o mundo, ainda podia, ficar preocupado, mas falando honestamente, nada me move, tirando, alguns principios, estais, assim tão parcos, que vos dou tanto que escrever, ou não tendes, nada que fazer pelo país?.

Anónimo disse...

Será que vale? vale sempre. Ouve dois com. que não entenderam, népia, azar. Eu tambem não vos entendi. Mas vós Chegais com o ar do conhecimento. Todos vos conhecem, todos vos entendem. Falais do Pratitamem, como quem fala de Julio Dinis. Sois Tipo o meu último ventil, desta noite, quem é que vos faz rir, o vosso espelho. Só pode. Rebebebeu, e vos, É o que este mundo mete no Zezere.

Anónimo disse...

Vários dias lá em cima da ponte, sempre preocupado, nada de mais, nada de mais, era sempre á hora do almoço, mas bem, finalmente descobri, o que é glups, sabes nadar e até mergulhas. Amanha vou ao Mc.