Há alturas da nossa vida em que o que esperávamos que acontecesse, por variáveis, as mais parasitas possível, é profundamente alterado. Temos qua aprender a lidar com o imprevisto.
Não que concorde muito com o pensador de largos ombros (Platão, de nome próprio) mas admirei o seu pensamento em O FÉDON : A vida é um treino para a morte.
Vem isto a propósito de que já há bastante tempo que vos queria agitar a cabeça outra vez.
Calhou hoje.
Aquilo que nós não somos é muito mais do que aquilo que somos: na verdade , eu sou apena um indivíduo e em termos absolutos fico diluído no seio da sociedade que é, ela própria, composta por indivíduos.
Fazendo parte da sociedade, tenho mais um número do que um nome, porque onde quer que eu vá só me perguntam números ( B.I. N.I.F., N.I. B., ...) e nunca o nome. Não deixa de ser interessante este país, onde os cavalos têm nome e as pessoas apenas têm números.!
A verdade é que sendo todos imperfeitos, todos somos importantes e , mais ainda, a sociedade é o que é porque são os indivíduos - entidades únicas, uma a uma- que a constituem. Logo, o importante sou eu enquanto indivíduo e não a sociedade enquanto massa anónima de indivíduos.
Aqui está o nó górdio da questão: a minha individualidade não se pode confundir na massa caótica da sociedade. Afinal a vedeta sou eu e não o todos que é igual a nenhum , porque estão todos no mesmo pedestal... Não! eu quero um degrau só para mim e subo ou desço viro para um lado ou para outro , não porque me mandam, mas porque eu decido. Nunca alieno a minha Personna e os outros só me afectam se eu quiser ser afectado por eles. E ,por muitos, quero mesmo ser afectado que eu não sou um antissocial; por outros, nem tanto...
Bom... mas voltando ao cerne , não há dúvida de que aquilo que eu sou é muito maior do que aquilo que eu não sou.
Breve: o NÃO-SER é maior do que o SER. O que eu sou é ridículo face o que eu não sou.
Mas se lermos isto do outro lado da barricada então aquilo que eu sou é muito mais importante do que aquilo que eu não sou, porque os outros também não são aquilo que eu sou e assim o cam- po do SER é muito maior do que o do Não -Ser, porque os outros, tal como eu, são enquanto são eles próprios e assim o que todos somos é maior do que aquilo que não somos. Logo O SER É MAIOR DO QUE O NÃO-SER.
Pronto, ficamos aqui... e vamos à xendrice.
O que devia acontecer na aldeia xendra não era e o que não devia ser abundava.
Vejamos:
Zé Cavaleiro só tinha uma videira de casta CALÚ mas dava vinho para todo o ano! Não devia poder acontecer mas era facto.
Zé Rolo não devia ter jeropiga que não fosse resultado do 3 por 1 de mosto para aguardente, mas laranjada Prazeres, canela e um pouco de agurdente fraca adoçada com açúcar amarelo, matava a bicheza a muita gente.
Troa, Tó e João Robalo, deviam ter sempre chita da tabela, mas estava sempre esgotada: o que devia ser não era.
As ruas deviam ser calcetadas, mas não eram... Duma vez, eu, coiote pete,o grande, nosso sargento, abraço de bassoka, toco jabão, jorge alguitarra, zé verniz, e não sei se mais algum, plantámos uma leira de couves em frente da casa do então Presidente da Junta, o sr. Domingos Campos... Não devia ter sido , mas foi.
Os xendros tinham lá porras: primavam pelo que não devia ser e cuspiam no que devia ser... Ou seria o contrário?
Costume em desuso em o pagamento da "PATENTA": Cachopo de fora de aldeia que "alevantasse" dali garina, tinha que a "comprar".
Manel, moço escorreito, bem posto, fugido à tropa, arrastou a asa a Alzira e ela disse que sim.
Oficializado o namoro na casa do velho Chaves, fui logo encarregado do pagamento da patenta.
Chamei os dois à pedra e ele não se encolheu: tudo o que quiséssemos desde que ele também fosse. E foi.
Falei com "nosso cabo", tinha 5 coelhos bravos congelados,Manquinho e Alguitarra punham o vinho e Zé Figueira roubou o pão à ti Conceição Pires (sogra) e o resto foi disponibilizado por "Tu no me ouves" e seu irmão Farnando, que eram ali vizinhos e tinham uma horta assim comédado...
Mas faltava a ferrém... Diz Estoira Vergas: Nosso Farnando, ali à frente da casa do brigadeiro tem lá ferrém de categoria e o Guilherme Chornico ali na raivosa tem lá alface de meter cobiça!
Manquinho disponibilizou bicicleta e Tu No me Ouves também e lá foram Estoira Vergas e Alguitarra ao Guilherme e, eu e coiote pete ,a nosso farnando a pilhar a necessária ferrém. Era ainda pequena mas deu para o que se pretendia: fazer salada para os coelhinhos... Ainda se roeu um pouco de corriol e língua de passarinho, mas tudo entrou como ferrém e ninguém morreu. Mainada.
Lá se paparam os coelhinhos e depois viemos para a inefável Rosa e aí , quem estava mamou o que quis à conta do Manel que, já borrachinho, tanto lhe dava 2 como 3: acabou pagando três contos e meio.
A minha ( sempre vos digo a título de curiosidade) ficou-me em 868$50 ( era um mês de ordenado) e não meteu ferrém que eu não conhecia as hortas da vila.
Agora é tudo nético e já não há bairrismo. Já é tudo virtual e ferrém é coisa que não consta do vocabulário up date, download, upload, refresh, search, facebook, twitter, e mais que vós sabeis.
Mas nada que chegue a uma boa patenta acompanhada por excelente ferrém, tinto de uva, pão caseiro, batata de tempo e companhia de eleição
Ainda haveis de pagar a patenta. Mesmo que sem ferrém...
Xi GRAAAANNNNNDDDDDDDDDDDDDDDDEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
6 comentários:
e com sorte na altura não havia ministros que inventavam impostos sobre o Valor Acrescentado das Patentes . Ou Impostos sobres as namoradas "consumidas" retroactivamente em terra alheia .
Devia de haver uma taxa sobre cada comentário eliminado !
Por aqui, sem Ferrém, amanhã ao almoço, marcham umas enguias: caldeirada e ensopado, na Tasquinha do Ílidio em Deixa o Resto.
Bons pratinhos para incluir no menu das Patentas, assim as reavivem.
Será dificil dizer qualquer coisa sobre este post, mais uma vez exímio.
Saudades.
Catarina Santos.
Sim Senhor, Amigo Chngoto, mai um daqueles, mainada!
Falando em patenta, a minha, só nas viagens de avião e no imposto de insularidade, foi-se o ordenado do mês!
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