Dantes havia muitas eiras por essa aldeia e campos fora.
De luxo, era a da ti Natividade, ali mesmo atrás da igreja: toda em lage, com guardas inclinadas, também em cantaria, com uma área para aí de 80 metros quadrados. Mas, havia muitas outras: no ti Mné Guerra, no Césaro, no velho Cavalheiro e uma também bem jeitosa ali para o chão do Robalo onde vivia quase meia aldeia nos tempos idos: zé padre, tonho troncho, ambrósios, feijão, césaros, sabão, potes, menina aguércia, e logo depois, puta maluca, passa culpas, abades, rainhos, ferrenho - já a dar para o bacharel- . Viam-se todos nas matanças e, claro, nas malhas. A semente juntava-se numa eira, onde o acesso da malhadeira, que, ao tempo, tinha rodas de ferro e era traccionada por um tractor, não fosse muito complicado. Isto, quando havia quantidade que justificasse a máquina, como lhe chamavam, porque, muitas vezes, a malha era a mangoal e o mandador era, quase sempre, o padre zé.
Engraçado foi uma vez o professor Leitão que quis pôr uma mota velha a fazer andar a máquina... Faz lembrar a história do S. Luís nos Escalos de Baixo: num ano em que não chovia tiraram o Santo da capela e fizeram-lhe uma procissão a ver se as núvens apareciam. A procissão acabou mas a água não chegou. Vai daí, o papa-arroz sai-se com esta: ' se o santo não nos dá água, damos-lha nós a ele'. e ala! : tiraram o santo do andor e aventaram com ele para dentro do poço, ali pertinho da capela. E não é que depois começou a chover?!!!.
O mesmo com o professor Leitão: a mota não fez andar a malhadeira e, de castigo, levou-a para o poço que tinha no chão colado à ribeira, ali mesmo, pegado ao café do Cavalheiro, mesmo ao lado da ponte, e obrigou a mota a tirar água. Eu vi! E tirou mesmo: Fazia re(de)moinhos na pia de pedra e ainda enregueirei a água para os tomates que o professor tinha por debaixo de uma nogueira enorme que aí havia. Era habilidoso o professor Leitão. Parecia o inventor Pardal! Engenheiro era também o nosso querido Amandinho, filho do dito, que vinha todas as Segundas--Feiras a Castelo Branco, ainda a estrada era em MacAdame, no super famoso Réu-Réu-Tum-Tum, uma preciosidade duma arrastadeira, que pegava a manivela e/ou de empurrão e a canalha, entre a qual eu, subia toda para cima e aquilo não amelancava! Chegávamos a andar vinte em cima do réu réu tum.
A matrícula era AC-00-01. Nós até lhe chamávamos o Antes de Cristo por causa do AC.
Vim nele fazer o exame de admissão à Escola e ao Liceu a Castelo Branco.
Comigo, fazia exame o menino Zequinha, filho único do sr. Barbas, que tinha um armazém de solas e cabedais ali junto à Sé. Quando me viu tão cedo, antes da chegada da camioneta da carreira, perguntou-me como tinha ido: «vim no réu réu tum tum»."Isso o que é"? «É um carro antigo com eixos de pau»."tu és maluco! agora eixos de pau!" «É verdade!». Fizemos o exame escrito e antes de ir para o almoço diz-me o Zequinha: "onde é que está o carro"? Levei-o lá. Deitou-se no chão a apalpar o eixo, chegando mesmo a raspar com uma latinha: "puto de merda! bem me enganaste: os eixos são de ferro!" e eu: « não, não são! parecem! São de pau-ferro que vem do Brasil». O Zequinha foi para casa com esta e foi o fim da tourada.
Bem, mas o que nos trazia aqui é o abobrinho.
Passou-se (ou não, que interessa?) na eira do choupa, para os lados dos pinheiros: Julho no fim, calor de assar tordos ao meio dia.
Puta Maluca, Passa Culpas, Aguércia, velho Comandante (há quanto tempo não aparecia o meu velho avô!), Rainho, Bombo, Ambrósio, Proença, e, claro, o Choupa, tinham todos a semente, dum lado e do outro da eira, para a máquina entrar no meio das duas medas e a malha acontecer nos primeiros dias de Agosto. Era regra que ao S. Bartolomeu já tudo devia estar bem acadajado e era preciso pagar a côngrua ao sr. prior e a poia pelas barbas ao patanisca.
Era para ser!
Então não é que a 28 ( ou seria 29?) desse mês de Julho se alevanta um cabrão dum abobrinho que, com vento com uma força dum filho da puta, rodopiando sobre si mesmo, passa no meio das medas da semente e arranca tudo para o céu! molhos inteirinhos de semente, de grão bem grado, foram cair a mais de cem metros! Aqueles que se desprenderam dos nagalhos espalharam-se pelo astro e foi ver cair palha e mais palha por toda a zona, até mesmo na aldeia! Um prejuízo dum corno!
Tudo olhava para o céu incrédulo, inventavam-se justificações para o fenómeno, a ti Rosa Manata, fez uma reza com esconjura, em pratinho novo de esmalte, com azeite virgem e raminho de oliveira guardado, propositadamente para estas ocasiões, desde o Domingo de Ramos ; a velha Bate-Orelhas faz quatro figas atrás do cu, e o Zé Borges (figura incontornável, que um dia há-de ser visita aqui no nosso blogue) não foi de modas: «Isto foi obra dos cabrões dos espanhóis que se puseram todos ali na fronteira a assoprar para não deixarem para cá passar as núvens com água.»
Deve ser por causa disto que: "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento".
9 comentários:
Gostei dos pinheiros e das saudades do meu avô Ambrósio, o Post. Não posso comentar o post, porque foge para o repetitivo, na bensam, ou seja não posso passar a minha vida a chover no molhado, quer dizer, dizer, coisas boas, sobre Post. Cujo elogio se torna conversa fiada, pois se fosse em Braile eu assinava por cima na mesma. O pratitamem serve entre outras coisas, pra usar esse sentimento, sem ser tão claramente sabujo, sobre a evidência. Tu és Ùnico, nem mais nem menos apenas isso. Logo e depois de amanhã este Blog devia ser olhado, sentido e visto sem sombra, sempre ao raiar do sol.
Muitas das eiras, ou todas, já não existem, e agora. Nós estamos cá sem elas, somos esse trigo que falta malhar, esse pão que alguem ade, comer, esse jeito, de tentar fazer melhor, porque sempre h´a quem tenha amor e sem,pre há quem saiba o teu nome e isso és tu sempre, sewppre alguem dxeste mundo ou outro, muito muito proximo, ou seja: do planeta terra. È o ùnico onde azar eu, vivo.
Claro e não clan. ´`essa é uma das tuas virtudes, a outra é a vontade de ás vezes, quereres viver cá e n~
ao poderes, azar. Depende, da nossa matemática? Depois do resto. Nós. Boas Festas, se vieres na passagem tou cá. Adorava.
porqque será que assim sou mais eu, nunca vi pporque, sera? sera que fico ainda mais "exposto" ou ser+a por dar menos ewrros, l+a naquela parte do barraco? nai sei o0ntem comi Moralheja, do luis pombo, táva fixe.,Ele sabe que eu vou votar cavaco, não é grave? passa-se alguma coisa que eu não entendi? Na aldeia ninguém vai votar cavaco isso é muito grave? pergunta o pratitamem? Eu vou. Parece taboo? Estou a ouvir juro, pela minha saúde, juro o nasce selvajem dos resistência. Já acabou. Mas uma vez eu e o Albano, Chovia uma vez que Deua a dava, eram quatro da matina, cagamos nos contrabandistas de tabaco que vinham naquele mar revolto, naquela lancha, invisivel, aquela hora a vencer o mar e enfiamo-nos dentro de dois assuntos de plástico, a ouvir no rádio do albano ( Muitas Saudades ) Nasci Selvagem., Chovia que Deus a Dáva. Pois è.
Tinha é dos gatos, mas eu 24, foi em Porto Covo.
Convêm em atalho de foiçe, Sempre quis dizer isto. È a primeira vez que consigo. Meu amigo Lapaxeiro, o meu com. Já estáva em construção, quando tu entraste, eu ainda táva em Porto Covo. Aqueles sacos não eram da EX_GF, Eram uma Cena nossa, foi barato, mas para desmontar, não era facil, chegavam as sete da manhã e o Albano a falar na filha e na mulher em Alqueva, Juro. Mas era um grande Amigo, meu, não vejo há 16 anos. Podia ter concorrido, pra onde, eu concorri, não quis, tenho saudades dele.
Menti, não vejo há 14
Ora vivam,caros conterraneos.aguardo a vossa visita.Felicidades e Bom Ano.
Ora atão Boas Festas! Aproveito para comunicar o agrado no vosso mui apreciado blog, revelando e resistindo ás modernices actuais, tentam preservar o que de melhor temos em Portugal e na Região! Parabéns! Fizemos uma pequena referência ao vosso blog no nosso fórum www.beirabaixa.net, vai uma olhadela? Desde já os convidamos a participar.
Saudações Beiro-Serranas!
A Combate Corp.
www.beirabaixa.net
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