domingo, junho 19, 2005

A NOSSA FALA X - O ALBOROQUE

O negócio fechou-se ali mesmo debaixo da figueira maranhoa da ti Natividade, quase a chegar à casa queimada que ficava na esquina da ribeira com o chão que o patanisca fazia e do qual invariavelmente eu recebia um saquinho de nozes já sequinhas. Lembro-me bem: figo em cima de brasa ardente a torrar e uma noz inteirinha no meio. Era de lamber, mais ainda se lhe escorropichava um copo de alumínio de jeropiga amornada. Até o sono era outro : àparte algum ronco derivado dos etílicos era toda a noite a falar para dentro. Já não há disto. Nem disto nem daquelas outras histórias do toucinho assado e do pão pingado e da senhora que ia de aldeia à vila e cada momento mais marcante: alto do valente, taliscas, curvas da cardosa, lagar da corredoura e jardim ao fim da subida da íngreme calçada, assim ia dando um peidinho, um peido, um peidão, uma peidorrela e uma valente peidorra. Só aí se lembrou de olhar para trás e conferir que alguém ia atrás de si e pergunta: «ó meu senhor, há muito tempo que vem a seguir a mim? E ele:” desde o peidinho à peidorra que venho a acompanhar a senhora”. Quantas vezes ouvi esta história, quantas?! Eram aqueles serões familiares em que se liam as folhas do jornal que já se sabiam de cor e que serviam de tampão , coladas às ripas, entre a cozinha e o quarto de dormir dos velhotes. Ainda me lembro: O Manuel de Oliveira a ficar em quarto nos três mil metros obstáculos nos Olímpicos de Tóquio. Ali estava ele já fusco do fumo do borralho. Mas era ele.
“Não mexas nas cadeias que mijas a cama”! gritava a minha mãe quando para matar o tempo me punha a baloiçar as ditas empurrando-as para lá e para cá a ver se as horas chegavam. Tempos! Até me fez lembrar o meu avô comandante que a cada tempo dizia:«AH! Tempo!». Ainda um dia aqui trago algumas histórias deste guerreiro impagável.
Ah!, pois, a história era um negócio que se tinha fechado .
-Pronto diz o tamancas, dou-te 15 notas pela burranca e tu pagas o ALBOROQUE.
-Mas só a levas para a semana, diz o pite e vinte. Ainda me falta lavrar a bajanca e o bezerro ainda não atina direito com o rego: a ver se o adomo e depois levas a burra!
- Assim não vale
- É contigo
- Bom, atão dou-te só 14 notas e pago eu o ALBOROQUE!
-Nem penses!
A coisa não andava nem desandava e quando eles estavam nisto, calha a passar o zé labouxa que descobriu o ninho à mouxa e, jaqueta a meio ombro mete conversa.
E o tamancas: quem está está quem passa vai andando!
E o labouxa:fiz-te algum mal ó quê?
Andamento !diz o tamancas
O labouxa era mau filho do diabo e com um copinho na asa, pior!
Vai o pite: bom, isto não dá nada , a minha já está à espera de mim , passa lá por casa e acertamos o trato.
Aí o labouxa que era danado para o negócio mete ferro: « não me digas que estás com a ideia de vender a burra: aquilo é bicho para 18 notas das grandes! Por esse dinheiro é minha!
O tamancas: alguém o cá chamou?
Ó pite, diz o labouxa, toma já 5 de sinal e vamos já àquilo do cavalheiro a beber o alboroque!
Calma ,tzé! Eu só vendo a burra para a semana.
É o mesmo. O mercado de monsanto é daqui a 15 dias e eu levo-a lá com o modas.
O tamancas arranca um calhau da parede do chão do olho de lata e já a ia a espetar nas ventas do labouxa!
Cum filha da puta vinha da Quinta no seu tractor fiat azul de motor à vista e dá de caras com o espectáculo: Hei, hei!Mansos! então?
O pite e vinte puxa o labouxa, emponta-o pela ribeira acima direitinho ao chão da igreja que dá para a lameira e ala! Casa, que se faz tarde.
Cum filha da puta desce-se , acalma o tamancas e diz-lhe: deixa lá o caralho do homem. Monta-te aqui atrás que eu apago-te o fogo com um cagão da pipa. Vamos!
Ao saber da história diz ele para o tamancas com aceno concordante do pite e vinte: Compra mas é um burro destes que não come feno!
Vai o tamancas: pois é, mas também não caga e o esterco faz-me falta!
Iam chegando ali à curva do furdas e a rela trocava um taleigo naquilo do zé júlio e tinha atado à ferradura um burro inteiro, pequenino mas verguio como a puta que o pariu! Cum filha da puta apita a buzina do tractor fiat azul de motor à vista e o cabrão do burro assusta-se: dá três escritos para o ar arrebenta com a rédea, atira com os aparelhos e aí vai ele cavacal acima com a albarda a azorrar segura nas tiras dos atafais, cabresto fora da testeira e a zurrar que parecia que o mundo tinha já acabado. Foi o cabo dos trabalhos para o agarrar. O rela até prometeu que lhe metia um machado nos cornos àquele cabrão!
Tinha sido a este burro que um dia o cachiço a troco de 5 coroas pagas pelo isidorico puxou a gaita quando quase limpava o chão por debaixo da cilha. Valente burro e valente gaita.
Bom , mas o melhor é não perdermos o ALBOROQUE naquilo do cavalheiro que tinha uma videira branca que sozinha dava vinho para todo o ano. Tenho uma pôla dela !

12 comentários:

Anónimo disse...

Excelente. Continua, por favor.

Anónimo disse...

Da herança deixada pela presença dos Muçulmanos destacam-se as influências na língua. Mais de 600 palavras portuguesas são de origem árabe, nomeadamente os topónimos e os termos relacionados com a técnica, a arquitectura e a agricultura.

ver :
http://www.educom.pt/cc-nonio/leon/neves-junior/vocabulos.htm#ciencia

Anónimo disse...

Um dia mudei de vida, máis ou menos porque o passado "Longico" Agora não interessa nada se não o amor.Fosse assim igual ao vosso, mas o mundo nunca vira da mesma maneira nem eu tenho, norte igual assim sendo, a minha morte vái ser sempre diferente, mas, claro tenho para álem dos meus queridos írmãos outros, "queridos Amigos" e ás vezes quaze comz sou, máis exigente por via da lixiia, duro com esses. Traduzindo, Igualmente Honesto.

Anónimo disse...

tralanguitane poetique , la sapate fine antes la bote de la trope. Se ninguem tentende aki na tens acentes nem maples nem o car..coiso.
Estika a veia poetica RH negativo com complexo de Sines aberto aos Domingos , Segundas terças estamos fechados á tarde. E, é assim deste modo Pratitabem que, a chuva é o calcanhar sujo de Aquiles.

Anónimo disse...

Insisto: este blog tem textos excelentes mas comentários rascas.
Ó karaio ó cangoto, sabeis q podeis apagar estes comentários q n interesam?

Anónimo disse...

Torrão está a ficar preocupado... muitas negas para a lista auguram coisa má...

Anónimo disse...

Os textos até podem ser rascas mas tu não escreves sequer nada á altura daquilo que achas " rasca" . Tu fazes-me lembrar o episódio do velho do Restelo dos Lusíadas , aquele critico ou sistematicamente critico que não sabendo nem enxergando mais alem do que uma mentalidade da época lhe alimentava o quotidiano , opinava acerca da defesa da fé cristã no Norte de África em vez de partir para o desconhecido. O Velho do Restelo era o símbolo , o ex-libris de um portugal agarrado á tradição ,de um portugal pequenino , sem pretensões a grande , sem imaginação , sem amplitude ...um pouco como tu amigo Cagado .
O amigo Pratitamem escreve á sua maneira , eu até perco mais tempo com ele do que com alguns outros na tentativa de o decifrar , tem a sua piada . O amigo Cagado não gosta , não come , põe á beira do prato , e não faça esses descabidos comentários . O discursso Non sense é mais rico que o seu que tem sido assaz rico nota-se não tem sido sequer algum não é !
Outra coisa, em vez de pedir para apagar os comentários ditos rascas , facto que seria um acto de censura , até porque , Changoto e Karraio suponho q apagam aqueles cujo teor ultrapassa o limite do aceitável do ética e legalmente permissível . A Prova está no facto que após mais de 1100 participações , acho que não há uma , repito Sr Cagado . uma só que possa ser etiquetada com o rótulo de “ eticamente reprovável” e digna de ser apagada .
Portanto até legislação em contrário, será permitido ao Pratitamem vir aqui“ GOMITAR” e sem assento .

Anónimo disse...

rastafary: MAINADA!

Anónimo disse...

Acho que a muita da malta que escreve sofre da "síndrome do Espelho", ou seja, possui uma ideologia estética baseada somente na "arte pela arte" e, por isso, vemos seus trabalhos tomando a direcção ou do populista ou de um vanguardismo vazio e sem apelo.

Não que eu tenha a fórmula da verdade, ou que seja melhor que ninguém. Muito pelo contrário, não apenas estou tão enrolado em dúvidas como a maioria destes infelizes seres conhecidos sob o rótulo de "jovens escritores", como, à diferença de muitos, ainda não consegui nem conseguieri nunca encontrar um estilo consistente e original.
Há outra coisa que parece preocupar os”jovens escritores”, que é justamente a proliferação exagerada de... escritores. Na medida em que não se vê o mercado expandir, o surgimento desenfreado de novos autores parece aumentar ainda mais a angústia daqueles estão dispostos a sacrificar um bom futuro como advogado, médico ou jornalista para se dedicarem à literatura. Sabem que concorrência é concorrência e quanto mais gente chega , mais vulgarizado e anónimo vai ficando esse outrora charmoso epíteto: escritor.
Quando está a trabalhar, sofre porque vê o seu talento,o seu gênio, a sua energia, sendo sangrados no altar de um capitalismo barroco de terceiro mundo.
Acossados pelo desespero, começam a enviar texto para tudo que é site de literatura, ansiosos por verem seu nome publicado qualquer lugar . Outros especializam-se em mandar texto para editoras e concursos. Não se preocupam mais tanto com a qualidade. O negócio é ser publicado. Só isso acalmará a serpente de vaidade que se agita no seu inquieto. espírito Ah, o prazer de ler, reler e ler de novo, o seu nome num jornal, numa revista e, sobretudo, num livro.
Diante de tal estado de coisas, é natural que o jovem escritor acabe aderindo ao "efeito espelho", ou seja, mergulhe de cabeça numa estratégia de reflexo “ para dentro” passo a redundância , de algum grupo de jovens “escritores” que possuem algum tipo de acesso à cultura. Ao mesmo tempo, esse grupo acaba por acreditar nos elogios que escutam e passam a dar muito mais valor a isso, a seus Amigos, do que ao público. Agora, desta altura, estes escritores, impulsionados por seu exército de Amigos, que compram seus livros, visitam seus sites e enchem as caixas de comentários com toneladas de abrobrinhas, são procurados pelas editorias de literatura de jornais e revistas.
Ah, é claro, existem ainda os "gurus", que são os escritores da velha guarda, consagrados, que dedicam breves referências aos novos escritores, muitas vezes sem ter lido com atenção os autores citados, mas como uma forma de mostrar sua complacência com a nova geração. Inconscientemente, pensam que quanto pior for a nova geração, mais destaque terão suas próprias obras.
E o mercado, sempre tem meia dúzia de "jovens escritores" para mostrar ao público, de preferência uns despoetizados, que disfarçam sua alienação com uma boa dose de cinismo, e escrevem textos tão desagradáveis que ninguém tem estômago para ler e, portanto, ninguém tem coragem de criticar com método, à excepção de críticos de pijama, barba mal feita, os quais são tratados com cruel escárnio e mesmo violência por estes novos queridinhos da dos mass media E a velha táctica vai nos empurrando os mesmos nomes, mesmo que ninguém, absolutamente ninguém tenha o mínimo prazer de ler seus livros. Que importa o prazer? Importa sim o glamour de ser mais um iniciado que possui um bom livro novo de 50 € na estante e pertencer à diminuta casta dos que conhecem tal e qual jovem escritor contemporâneo. Mainada!!!
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Anónimo disse...

Olha ..fui a Belas ver belas mas em Belas bela nao vi , mas a mais bela que lá vi eras Ti

Anónimo disse...

Olha que eu vou fazer queixa ao cagado !!!

- Sr Cagado ..Olhe pa isto ...não havia necessidade ...estes comentários demoniacos de mentes doentias , ligue já para o Centro Inquisitório Ecuménico , para expulsao da sala carregue Tecla 1 para Exquemunhão carregue Tecla 2 para prática Onanista tecla Cardinal.

Anónimo disse...

Já não me ria assim com tanta satisfação, desde aquela vez que deitei milho ao cagado e no dia seguinte encontrei o penico, cheio de pipocas!